Operação contra fraude na Câmara de Vereadores de Santa Bárbara termina com nove presos

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
27/07/2017 às 16:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:47
 (Reprodução Whatsapp)

(Reprodução Whatsapp)

Nove pessoas foram presas e 19 conduzidas coercitivamente nesta quinta-feira (27), em Santa Bárbara, na Região Central de Minas Gerais, durante operação "Apollo 13" da Polícia Civil, que investiga fraude na Câmara Municipal da cidade. Vinte e dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos. 

Segundo a PC, nove dos 11 vereadores que compõe o legislativo municipal estão envolvidos no esquema, entre eles o presidente da Câmara, Juarez Camilo Carlos (PSDB), 53 anos, e o ex-presidente José Ladislau Ramos (DEM), 63 anos. Dentre as fraudes, estão pagamentos de mais de R$100 mil sem licitações para prestação de serviços de cinema em prédio que pertence à casa. 

"Chamou a atenção que a Câmara Municipal, até então, nunca havia necessitado contratar aluguéis de veículos, já que o automóvel de propriedade do órgão era suficiente. Repentinamente, foram realizados esses contratos, que, segundo laudo pericial, abrangeriam uma distância de mais de 522 mil quilômetros", afirmou o delegado Domiciano Monteiro, titular da Delegacia de Santa Bárbara.

O delegado informou ainda que vários vereadores são investigados por apropriação de valores indevidos por meio de verbas diárias, que deveriam ser recebidas em virtude de viagens oficiais. "Foi possível constatar que vereadores combinaram receber diárias sem a realização de viagens, sendo tais fatos confirmados posteriormente", disse.

Foram presos também os vereadores Luiz Fernando Hosken Fonseca (PSL), 37 anos; Ermelindo Francisco Ferreira (PSL), 46 anos; Geraldo Magela Ferreira, conhecido por "Carrapicho" (DEM), 48 anos; o ex-procurador do órgão e ex-presidente da Câmara, Frederico Magalhães Ferreira (candidato a prefeito nas últimas eleições pelo PTC), 42 anos; os ex-chefes de Gabinete Maria Aparecida Ferreira da Silva e Silva, "Cida", e Willian da Silva Mota, 30 anos; e o empresário Madson Geraldo Arcanjo, 45 anos. Uma pessoa está foragida.

Quanto aos mandados de condução coercitiva, foram alvo da ação os vereadores Geraldo Magela Silva, "Gegê da Ambulância" (PP), 40 anos; Timóteo de Lourdes Ferreira (PPS), 53 anos; Wellington Flávio Resende do Carmo (PP), 42 anos; Carlos Augusto Bicalho (PDT), 37 anos; Luciano Pires da Silva Luiz (PHS), 41 anos; o assessor de comunicação, Guilherme Antônio de Assis, 31 anos; a servidora de recursos humanos, Rosilene Aparecida Duarte Fernandes, 37 anos; a presidente da Comissão de Licitações, Ângela Maria Pereira, 33 anos, e o Chefe do Controle Interno Phillipe Souza e Silva, "Quick", 30 anos, entre outros 

A PCMG também pediu o afastamento do cargo dos vereadores Juarez Camilo Carlos, Ermelindo Francisco Pereira, Geraldo Magela Ferreira, Luiz Fernando Hosken Fonseca e Timóteo de Lourdes Ferreira, além de outros quatro servidores administrativos. Os presos foram encaminhados para o sistema prisional, onde permanecerão durante as investigações.

A reportagem do Hoje em Dia tentou contato com a Câmara Municipal de Santa Bárbara. Segundo a atendente, não havia ninguém da presidência nem da  assessoria de comunicação para falar sobre a ação da Polícia Civil Reprodução Whatsapp 

A ação chamou a atenção de moradores de toda a cidade, que foram para porta da delegacia

Investigações

As investigações começaram no início deste ano. Pelos levantamentos, não só a execução, mas os próprios processos de licitações desses contratos de aluguéis de veículos foram arranjados. Duas das licitações foram vencidas ilegalmente, sem concorrência, pelo empresário preso nesta quinta. 

Durante a licitação, foram cometidas ainda outras irregularidades, como negativa de acesso do processo licitatório a terceiros e mesmo a vereadores da oposição, desrespeitando prazos legais. Também foram investigados crimes de falsidade ideológica e falsificação de documentos. Tais contratos envolvendo os veículos tiveram o valor aproximado de meio milhão de reais, sendo, também, investigadas compras de alto valor, sem licitações por esse grupo.

Outro Inquérito Policial (IP) apura, ainda, crime de peculato, quando a ex-chefe de gabinete, Maria Aparecida Ferreira da Silva e Silva, 48 anos, teria realizado compras de milhares de reais em nome da Câmara em proveito próprio. Apesar de solicitado pela oposição a apuração de tais fatos, o presidente da Câmara, à época "Dedé Ramos", nomeou uma comissão que concluiu que houve apenas um equívoco nessas compras, tendo a servidora se enganado ao indicar o nome do órgão público como pagador.

Um terceiro IP apura gastos de publicidade de cerca de meio milhão de reais, também na gestão anterior, sendo mais de R$200 mil apenas nos dois últimos meses do exercício do mandato na presidência. Segundo o delegado, há provas, também, de diversas tentativas de interferência nas investigações para que testemunhas mentissem. "Nos últimos anos, verdadeiras organizações criminosas estavam instaladas no poder legislativo municipal com a finalidade de cometer crimes com divisões de tarefas bem definidas", afirmou.

* Fonte: Polícia Civil

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