Países desenvolvidos mantêm bolsas para atrair bons alunos do estrangeiro; mineiros são destaque

Igor Patrick
ipsilva@hojeemdia.com.br
27/07/2016 às 18:47.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:02
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Fazer a graduação nos Estados Unidos – um dos ensinos superiores mais prestigiados do mundo – sempre foi o sonho de Larissa Moreira, de 17 anos. De Betim, na Grande BH, ela estudou em escola pública e aprendeu inglês com o auxílio de músicas e filmes. No ensino médio, ganhou uma bolsa para aprimorar o idioma em troca de monitoria para alunos de níveis inferiores, mas a faculdade no exterior parecia um sonho distante. “Com a renda que têm, meus pais jamais conseguiriam me bancar fora”, afirma.

Porém, ao contrário do que muita gente pensa, estudar em outro país não é mais só para pessoas ricas. De acordo com a coordenadora da Assessoria de Relações Internacionais da PUC Minas, Rita Louback, a maioria das nações desenvolvidas possui programas para internacionalizar o ensino e atrair bons alunos por meio de bolsas. Geralmente, os benefícios são oferecidos por órgãos de representação, como DAAD (Alemanha), Nuffic (Holanda), British Council (Inglaterra), entre outros. É necessário ter idioma avançado e bom rendimento escolar. 

As inscrições para o programa Oportunidades Acadêmicas serão abertas em outubro. Mais informações no  educationusa.org.br/site/oportunidades-academicas/

Exemplos não faltam, e Larissa é um deles. Para ela, a realização do sonho aconteceu ao conhecer o Oportunidades Acadêmicas, da EducationUSA, órgão ligado ao Departamento de Estado americano. Realizado anualmente desde 2006, o programa seleciona jovens de baixa renda, com inglês avançado e perfil de excelência, e dá suporte e mentoria para se candidatar a bolsas nos EUA.

Outro destaque é Arthur de Oliveira Abrante, de 18 anos, natural de Paracatu, Noroeste de Minas. Em abril, ele, que também sempre estudou em escola pública, foi aprovado em sete universidades americanas e resolveu fazer a graduação em Harvard, considerada a melhor do mundo. 

Ex-enfermeira em Governador Valadares, Leste do Estado, Ilma Paixão é outro caso de sucesso. Sem perspectivas, imigrou em 1984 para os EUA trabalhando como faxineira. Motivada pelos problemas sociais, que lia em jornais doados pelos patrões, Ilma passou a se envolver com projetos sociais e arrecadação de fundos para a filantropia, o que é muito valorizado pelos recrutadores e diretores universitários de admissão. O perfil chamou a atenção de reitores no país e ela hoje é pesquisadora de língua portuguesa, também em Harvard.

Diferencial

Para Rita Louback, o diferencial competitivo de um aluno que estuda no exterior é grande. “Ninguém volta da mesma forma. No caso dos Estados Unidos, o sistema que eles usam é referencial. O reconhecimento público e os rankings sérios que colocam as universidades americanas entre as primeiras com reconhecimento chancelam o diploma desse jovem”.

de órgão americano, 20% são do Estado

Em se tratando de buscar oportunidades para estudar fora, os mineiros não ficam para trás. No programa Oportunidades Acadêmicas, da EducationUSA, por exemplo, 20% das inscrições recebidas são oriundas do Estado. Do total de beneficiados, 50 são daqui, como Larissa Moreira.

Selecionado no programa, o estudante recebe materiais de estudo para provas de seleção, gratuidade nas taxas para envio e tradução juramentada de documentos, transporte e acomodação para avaliações e o pagamento das inscrições em testes como o TOEFL e o SAT. 

Coordenadora do Oportunidades Acadêmicas no Brasil, Simone Vieira explica que a iniciativa já era realizada em outros países quando o governo americano decidiu trazê-lo para cá. Ela destaca as mudanças na vida de quem é selecionado. “A pessoa amadurece bastante, muda a visão de mundo, de padrão de qualidade e de mercado de trabalho. A exposição à cultura dos EUA, o convívio com pessoas de outros países, o acesso a uma educação superior de ponta, proporcionam um universo muito rico”.

Boas colocações

Nos quase dez anos de projeto, 292 jovens já foram selecionados para universidades de ponta, como Harvard e Yale. Os formados hoje trabalham em grandes empresas, como a agência de notícias Bloomberg, no grupo financeiro Goldman Sachs e no Comitê Olímpico. 

Animada, Larissa embarca em 20 de agosto. Vai estudar Negócios com bolsa integral na Babson College, reconhecida como a melhor escola de empreendedorismo do mundo. O benefício que irá receber é de US$ 70 mil anuais (cerca de R$ 229 mil), além da possibilidade de trabalhar na universidade para custear a vida no exterior.

Dicas

Para ter sucesso no pedido de uma bolsa, a coordenadora da Assessoria de Relações Internacionais da PUC Minas, Rita Louback, destaca a necessidade de ser fluente no idioma do país escolhido e manter boas notas e envolvimento comunitário.

Caso o estudante não queira ou não possa fazer toda a graduação no exterior, é possível procurar convênios das universidades no Brasil com as estrangeiras. Só a PUC Minas mantém parcerias com 24 países. “O aluno tranca a matrícula e pode usar o dinheiro que pagaria as mensalidades aqui para se manter fora”.

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