Partos normais crescem nas redes de saúde pública e privada

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
11/03/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:41

No Brasil, país com um dos maiores índices de cesáreas do mundo, os partos normais voltam a ganhar espaço. E Belo Horizonte segue a tendência nacional.

Em 2016, as redes pública e privada realizaram 22.255 cesarianas. É o menor número dos últimos seis anos e revela uma queda de 7% em relação a 2015, quando foram efetivadas 23.988 cirurgias.

Segundo a Secretaria de Saúde da capital, a quantidade de mulheres que passam por partos normais é superior ao de mães que têm seus filhos por cesarianas. No ano passado, 27.093 partos normais foram efetivados, o que representa 54,9% dos 49.348 ocorridos nos 12 meses. 

Realidade

De acordo com dados divulgados nessa sexta-feira pelo Ministério da Saúde, pela primeira vez desde 2010, a participação das cesárias caiu no Brasil.

Dos 3 milhões de partos, 55,5% foram cesáreas e 44,5% normais em 2015, dado mais atualizado do ministério. Em 2014, a relação era de 57,07% para 42,93%. 

Para o coordenador da residência médica em ginecologia e obstetrícia do Hospital Sofia Feldman, Edson Borges de Souza, a mudança tem ligação com um trabalho de conscientização feito, principalmente, em maternidades que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

O próprio Ministério da Saúde acaba de lançar o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para cesariana trazendo novos parâmetros a serem seguidos na rede de saúde. O objetivo é evitar intervenções cirúrgicas desnecessárias. 

“Existe um trabalho muito relevante no sentido de mostrar os benefícios do parto normal”, afirma. 

E não são poucos. O parto vaginal apresenta menos riscos de complicações para a criança e para a mãe, como as infecções, os problemas respiratórios no bebê, dentre outros. Até as chances de morte do recém-nascido são menores. 

Demanda

Conforme a doula Aline Teixeira, que participa de um grupo de apoio a gestantes, é crescente a procura por partos domiciliares em BH. Ela explica que a opção deve vir acompanhada de muito estudo e preparo por parte das futuras mães.

“Existe uma visão social de que a dor do parto é desnecessária. Mas o parto humanizado é mais que isso e representa o protagonismo da mulher”, defende. 

A possibilidade de humanizar o nascimento do filho foi o que levou a fonoaudióloga Iana Maciel, de 37 anos, a ter dois partos em casa. Há dois anos, teve Miguel que, há cinco meses, pôde acompanhar a vinda da irmã Beatriz da mesma forma.

“É uma opção que precisamos bancar porque as pessoas não entendem essa escolha. Mas não me arrependo”, conta. 

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Além Disso

Em Minas Gerais, nasceram 171.138 crianças na rede pública em 2016, segundo Secretaria de Estado de Saúde. Desse total, 94.562 foram partos normais e outros 76.576, cesariana. É o menor número de cesárias feitas no Estado desde 2010. 

Maternidade agoniza

Enquanto há todo um incentivo para realização de partos normais e mais humanizados, a maior maternidade do país em números de partos, Sofia Feldman, vive grave crise financeira e aguarda liberação de recursos para manter o atendimento.

Como vem mostrando o Hoje em Dia, o hospital necessita de, pelo menos, mais R$ 1 milhão em repasses mensais para manter a estrutura que atende grávidas de alto risco de 300 cidades mineiras. São 1.000 partos mensais feitos na instituição.

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