Pediatria perde espaço em 18 hospitais da RMBH

Fernando Zuba - Do Hoje em Dia
21/07/2012 às 10:02.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:44
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

Sob o argumento de baixa lucratividade, 18 hospitais encerraram serviços de pediatria, parcial ou totalmente, na Região Metropolitana de Belo Horizonte nos últimos anos. O levantamento é da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP). Como consequência, as unidades remanescentes, públicas ou particulares, ficam constantemente abarrotadas de crianças doentes.

O estudo da SMP indica que Minas Gerais conta com mais de 38 mil médicos, sendo 3.003 pediatras (8%) e 85 cirurgiões-pediatras (0,2%). De acordo com o balanço, embora tenha havido uma melhora na procura de estudantes pelos títulos de pediatria em 2011, com 73 recém-formados fazendo a prova de obtenção de título para pediatra, o número ainda ficou muito abaixo do de 2000, com 148 interessados.

O estudo conclui que a criança e o adolescente, habitualmente, não necessitam de exames mais sofisticados, gerando pouco lucro para as operadoras de planos de saúde e seguradoras, desestimulando o mercado da pediatria. A mesma análise vale para a assistência neonatal. “Esse estudo não é nenhuma pesquisa científica, mas dá uma ideia de como anda a situação da profissão no Estado”, diz o presidente da SMP, Paulo Poggiali.

Para ele, o encerramento das atividades nas unidades pediátricas na região metropolitana é um descompromisso social com as obrigações que, necessariamente, são devidas a quem paga pelo plano de saúde. “Muitos hospitais desativaram a pediatria. No entanto, todos estão em busca do rendimento da maior complexidade, abrindo mão de compromissos sociais muitas vezes históricos”, critica Poggiali.

Ainda de acordo com o presidente da SMP, na capital, não há déficit de pediatras, mas, sim, um desestímulo à atuação por não haver remuneração condizente por parte da saúde suplementar (convênios, planos de saúde), com honorários que inviabilizam a manutenção de consultórios e diárias hospitalares absolutamente defasadas.

Consequência

No Hospital Infantil Padre Anchieta, na Pampulha, a recepção estava lotada na tarde de ontem. O taxista Edmar Roberto, de 38 anos, precisou aguardar cerca de três horas para conseguir atendimento para a filha dele, de 2 anos. “A gente fica indignado. De que vale pagar por um plano de saúde, ou mesmo particular, se o atendimento é tão deficitário?”, lamentou.

O motorista Robert Costa, de 35, também reclamou. “Além do atendimento demorado, marcar uma consulta tem sido tarefa árdua”, disse com a filha doente nos braços.

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