Personal comparece à delegacia e mais três jovens afirmam terem sido assediadas

Gabriela Sales
gsales@hojeemdia.com.br
11/11/2016 às 19:55.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:37

De forma espontânea e acompanhado de dois advogados, o personal trainer de 32 anos suspeito de estuprar jovens no bairro Belvedere, zona Sul de Belo Horizonte, prestou depoimento ontem à Polícia Civil. Ele foi reconhecido pelas vítimas e a corporação formalizou a identificação dele. 

O caso ganhou repercussão após uma das vítimas relatar o crime nas redes sociais. O educador físico prometia a jovens de 18 a 24 anos um rápido emagrecimento, por meio de ajuda profissional. No entanto, após o contato pela internet, ele as levava para apartamentos, onde eram violentadas. Os crimes aconteceram entre março e outubro deste ano. Três mulheres prestaram queixa.

“Ele me mostrou uma série de vídeos. Não dava para desconfiar. Desmarquei de última hora depois que minha mãe achou estranho ele ter me procurado para oferecer o serviço” (Estudante de enfermagem que trocou mensagens com o personal)

Como não houve flagrante, o suspeito foi liberado após prestar depoimento. Ele está proibido de deixar a cidade. Nos próximos dias, a Delegacia de Mulheres pretende ouvir testemunhas envolvidas no caso. Uma varredura foi feita na última quinta-feira em um flat no Belvedere, que teria sido utilizado nos abusos.

Há dois anos

As investidas do homem na tentativa de aliciar as mulheres ocorrem há pelo menos dois anos. Após o Hoje em Dia divulgar o caso com exclusividade, outras três jovens também disseram à reportagem que foram abordadas em um bate-papo na internet. Nenhuma chegou marcar um encontro. 

O personal utilizava o perfil no Instagram e no Facebook para identificar possíveis vítimas. Entre as “escolhidas”, jovens que gostam de prática esportiva. A artimanha utilizada era despertar a atenção da mulher com rasgados elogios e uma suposta sensibilidade. Uma delas mostrou partes da conversa feita em 11 de novembro de 2014. “Boa aparência e acima de qualquer suspeita”, define uma das moças que trocou mensagens com ele e pede para não ser identificada.

Em alguns casos, o educador físico propunha o serviço gratuitamente. “Ele dizia que estava aplicando um novo método de emagrecimento e escolhia apenas mulheres. Durante toda a conversa tentava passar simpatia. Às vezes, mandava foto malhando e insistia bastante para o encontro pessoalmente”. 

Em outra abordagem, uma dentista teve o perfil acessado. Ela conta que o suspeito ofereceu treino especializado, mas quando ela mencionou o namorado, ele a dispensou. “Ele disse que era sensitivo e que poderia falar a respeito da minha personalidade apenas analisando a minha foto. Me fez vários elogios e disse que poderia melhorar o meu condicionamento físico através de um novo método”.

Uma estudante de enfermagem confessa que, por pouco, não se tornou uma vítima do agressor. “Ele me mostrou uma série de vídeos. Não dava para desconfiar. Desmarquei de última hora depois que minha mãe achou estranho ele ter me procurado para oferecer o serviço de personal pelo Facebook”.

Registro Profissional

Em nota, o Conselho Regional de Educação Física de Minas Gerais (Cref-MG) disse que ainda não foi notificado pela polícia para confirmar a inscrição do suspeito na entidade, e que aguarda o procedimento oficial para se pronunciar a respeito do caso. O órgão disse que repudia qualquer tipo de crime e que se solidariza com as vítimas.

  

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