Pesquisa mostra que cidade atingida pelo desastre de Mariana sofre com problemas de saúde

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
30/03/2017 às 22:29.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:57
 (Corpo de Bombeiros/Divulgação)

(Corpo de Bombeiros/Divulgação)

O Instituto Saúde e Sustentabilidade, em conjunto com o Greenpeace, publicou nesta quarta-feira (29) uma pesquisa de avaliação de riscos em saúde da população de Barra Longa, na região Central de Minas. Localizada a 60 km de Mariana, a cidade foi afetada pelo rompimento da barragem de Fundão no dia 5 de novembro de 2015.

O maior desastre minerário ambiental do país destruiu plantações e afetou também a área central de Barra Longa. Os moradores do município ficaram expostos a uma série de riscos decorrentes da degradação do meio ambiente por um longo período desde o desastre. 

Segundo o Instituto, o derramamento dos rejeitos causou o revolvimento e aumento da biodisponibilidade de uma série de componentes tóxicos em vários componentes naturais, como água, solo e fauna, em níveis superiores aos preconizados para segurança segundo as leis brasileiras. A bacia aérea da cidade também se tornou tóxica devido ao pó proveniente da lama seca, exacerbada pelas obras de reconstrução da cidade. 

Diante disso, o estudo demonstrou que 37% dos participantes estão com a saúde pior do que antes do rompimento da barragem. Dentre os problemas de saúde relatados espontaneamente, 40% são respiratórios (para as crianças de 0 a 13 anos, o índice alcançou 60%); 15,8% são afecções de pele; 11% transtornos mentais e comportamentais; 6,8% doenças infecciosas; 6,3% Doenças de olho; e 3,1% problemas gástricos e intestinais.

Perguntados sobre sintomas físicos, 77,9% afirmaram que os apresentavam. Dor de cabeça, tosse e dor nas pernas ocorrem em 24 a 30% das pessoas Seguidos a esses, ansiedade (20,9%), coceira (20,5%); alergia de pele (18,1%), abatimento (17,9%), febre (15,4%), alergia respiratória (15,4%), rinite (14,6%), cãibras (13,6%), falta de ar, falta de apetite, diarreia e emagrecimento. Deste conjunto, 72,3% dos sintomas se iniciaram após o desastre com pico entre 2 a 6 meses.

Em relação aos sintomas emocionais, 83,4% disseram que apresentaram algum problema. A insônia é o mais frequente (36,9%, inclusive presente em 19% das crianças entre 6 a 13 anos.); seguido por preocupação ou tensão (21,7%); assustar-se com facilidade; alteração do humor, entre outros.

Posicionamento

Procurada pela reportagem, a Fundação Renova explicou que até o momento, sua prioridade foi disponibilizar profissionais da área de saúde, fortalecendo a equipe local de Barra Longa. "A Renova disponibilizou 27 profissionais, dentre eles 9 clínicos gerais, 1 psiquiatra e 2 psicólogos, que atendem sem agendamento, além de manter uma ambulância de suporte básico para emergências, com uma equipe de 10 socorristas", afirma em nota.

A fundação também diz que prepara um amplo estudo epidemiológico e toxicológico, com foco em toda a área impactada, que analisará indicadores de saúde no horizonte de 10 anos antes e, no mínimo, 10 anos depois do rompimento da Barragem de Fundão. Neste contexto, a pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade apresenta-se como uma importante base de dados e de avaliação a ser considerada. 

Sobre a qualidade do ar, ela informa que desde fevereiro de 2016, a cidade conta com uma estação de monitoramento automático da qualidade do ar instalada no centro da cidade. "Os resultados mostram que a qualidade do ar na cidade está dentro dos parâmetros exigidos pela legislação brasileira".

Já em relação ao manejo de rejeitos a Fundação Renova diz que foram retirados 157 mil metros cúbicos de rejeitos depositados na área urbana do município, volume transportado e disposto no aterro de Barra Longa

  

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