Em 2022, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo eram obesas enquanto 43% dos adultos estavam com sobrepeso (Reprodução)
Um verme é a nova aposta de pesquisadores para combater a obesidade em humanos. Estudiosos australianos e dinamarqueses descobriram um gene no nematódeo Caenorhabditis elegans que controla os sinais enviados pelo cérebro aos intestinos que, por sua vez, provocam a sensação de saciedade, assim como a necessidade de dormir ou de fazer exercícios após ter se alimentado. A pesquisa foi publicada na revista americana Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
O gene encontrado no verme foi batizado de “ETS-5”. Nos humanos, segundo os responsáveis pelo estudo, existe uma molécula similar. Dessa forma, conforme os cientistas, a descoberta abre caminho para o desenvolvimento de uma molécula que poderia ajudar a controlar o sobrepeso ao reduzir o apetite e ativar o desejo de fazer exercício físico, afirma Roger Pocock, professor da Universidade Monash, na Austrália.
Quando os intestinos do nematódeo armazenam gordura suficiente, o cérebro recebe uma mensagem indicando a ele que deixe de se mover, desencadeando uma fase de sonolência. Porém, explica o pesquisador, se o verme não estiver saciado, os sinais sinalizam para ele continuar se movendo.
Modelo
Este animal compartilha 80% dos genes com os humanos e aproximadamente a metade do patrimônio genético dele está implicado em doenças humanas, detalha o professor Pocock. “Na medida que estes vermes compartilham tantos genes com os humanos, constituem um modelo de pesquisa muito bom para compreender melhor alguns processos biológicos como o metabolismo e as enfermidades”, explica.
Os pesquisadores descobriram o papel do gene “ETS-5” ao analisar os neurônios no cérebro do Caenorhabditis elegans e controlar a resposta dele ao receber comida. Constataram que, assim como os mamíferos, um regime alimentar rico suscita uma resposta cerebral diferente que a desencadeada por uma dieta pobre em nutrientes.
Nos mamíferos, o consumo de alimentos ricos em gorduras e em açúcares estimula o apetite, o que pode levar à obesidade.
Pioneiro
O estudo é a primeira descoberta de um gene regulador do metabolismo. Segundo o professor Pocock, os cientistas não descartam que os resultados possam levar ao desenvolvimento de um medicamento capaz de agir sobre o controle do intestino pelo cérebro e sobre a sensação de saciedade.
*Com AFP
‘Forma de maçã’ pode oferecer risco
Pessoas geneticamente predispostas a armazenar gordura na barriga, ou a ter um tipo de corpo em formato de maçã, podem enfrentar um maior risco de diabetes tipo 2 e de doença cardíaca. Estudo publicado na revista Journal of the American Medical Association (JAMA) sugere que a composição genética pode causar problemas de saúde ao longo do tempo.
“As pessoas variam na sua distribuição de gordura corporal. Algumas têm mais na barriga, o que chamamos de adiposidade abdominal, e outras nos quadris e coxas”, explica Sekar Kathiresan, professor da Harvard Medical School.
Segundo ele, a pesquisa verificou se a predisposição genética para a adiposidade abdominal estava associada ao risco de diabetes e de doença cardíaca coronária. “Descobrimos que a resposta era uma firme sim”. O especialista disse ainda que levantamentos anteriores mostraram uma ligação entre a gordura da barriga, diabetes tipo 2 e doença cardíaca, mas não demonstraram uma relação de causa e efeito.
Para investigar mais a fundo, os pesquisadores examinaram seis estudos realizados de 2007 a 2015, incluindo cerca de 400 mil participantes cujos genomas foram analisados. Os levantamentos identificaram 48 variantes genéticas associadas à relação cintura-quadril, resultando em uma pontuação de risco genético.
Eles descobriram que as pessoas com certos genes que os predispõem a uma maior razão cintura-quadril também apresentavam níveis mais altos de lipídios, insulina, glicose e maior pressão arterial sistólica, assim como um maior risco de diabetes tipo 2 e de doenças cardíacas.
“Os resultados ilustram o poder de usar a genética como um método para determinar os efeitos de uma característica como a adiposidade abdominal sobre os resultados cardiometabólicos”, disse o autor principal do estudo, Connor Emdin, pesquisador do Hospital Geral de Massachusetts.
Uma vez que os pesquisadores não encontraram nenhuma ligação entre o tipo de corpo, a pontuação de risco genético e fatores de confusão, como dieta e tabagismo, isso “fornece forte evidência de que a adiposidade abdominal em si contribui para causar as doenças”, acrescentou.
Agência AFP