PF desarticula grupo que usava seita religiosa para escravizar fiéis

Hoje em Dia
17/08/2015 às 10:39.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:23
 (Polícia Federal)

(Polícia Federal)

A Polícia Federal executa, nesta segunda-feira (17), a Operação “De Volta Para Canaã”, desarticulando uma seita religiosa que roubava os bens dos fiéis e os submetia a trabalhos forçados sem pagamento. Essa é a segunda vez que o grupo é investigado pela PF.

Segundo a corporação, 129 mandados judiciais estão sendo cumpridos nos municípios mineiros de Pouso Alegre, Poços de Caldas, Andrelândia, Minduri, São Vicente de Minas, Lavras e Carrancas, e também nas cidades de Remanso, Marporá, Barra, Ibotirama e Cotegipe, na Bahia, e em São Paulo (capital).

São seis mandados de prisão temporária, seis de busca e apreensão e 47 de condução coercitiva, além de 70 de sequestro de bens, envolvendo imóveis, veículos e dinheiro. Eles foram expedidos pela 4ª. Vara Federal em Belo Horizonte/MG. No total, 190 agentes participam da operação.

De acordo com as investigações, os dirigentes da seita “Jesus, a verdade que marca” convenciam os fiéis a doarem os bens e propriedades, com o argumento de que “tudo seria de todos”. Ao ingressarem no grupo, eles eram obrigados a trabalhar nas fazendas onde as atividades religiosas eram realizadas, em regime de escravidão, sem receber absolutamente nada pelos serviços.

Os investigadores estimam que o patrimônio recebido em doação dos fiéis chegue a pouco mais de R$ 100 milhões. Parte desse dinheiro foi convertido em grandes fazendas, casas e veículos de luxo.

Trabalho escravo

A operação dá continuidade aos trabalhos iniciados em 2011, que culminaram com a deflagração da “Operação Canaã”, em 2013, na qual a Polícia Federal, Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho realizaram inspeções em propriedades rurais e em algumas das empresas urbanas.

Na época, foi possível identificar um esquema de exploração do trabalho humano e lavagem de dinheiro levado a cabo por dirigentes e líderes religiosos. Na operação desta segunda, novos detalhes foram descobertos pelos investigadores. O nome 'Canaã' é uma referência bíblica à terra prometida por Deus a seu povo.

Somente em 2015, a Polícia Federal começou a investigar mais de 50 casos envolvendo o tráfico e a exploração de pessoas no Brasil. Os envolvidos responderão pela prática dos crimes de redução de pessoas à condição análoga à de escravo, tráfico de pessoas, estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.


Confira vídeo de matéria sobre o caso em 2013
 

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