PF prende dois vereadores ligados à seita suspeita de desviar dinheiro e escravizar fiéis

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
18/08/2015 às 16:52.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:24
 (Polícia Federal)

(Polícia Federal)

Dois vereadores de Minas ligados à seita “Comunidade Evangélica Jesus, a Verdade que Marca” estão entre os seis presos pela operação De Volta para Canaã da Polícia Federal (PF). Deflagrada na segunda-feira (17) pela PF em Minas, São Paulo e Bahia, a operação desmantelou um esquema responsável pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, trabalho escravo, estelionato, tráfico de pessoas e falsidade ideológica.   A partir de 2008, a seita ajudou a eleger Miguel Donisete Gonçalves, em São Vicente de Minas, e Peterson Andrade Ferracciu, de Minduri, ambos do PTC. Oriundos do interior de São Paulo, Miguel e Peterson foram eleitos pela primeira vez em 2008 e conquistaram um segundo mandato no pleito seguinte.    Nessa época, propriedades da seita já eram investigadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pela PF, por suspeita de trabalho escravo e indícios de lavagem de dinheiro.   Além dos políticos, foram presos o líder da comunidade, Cícero Vicente de Araújo, o pastor Araújo, Marcelo Vicente Dias, que também seria pastor e presidente da Associação Beneficente Amigos Solidários (ABAS), José Busato e uma sexta pessoa identificada como Adalberto.    A PF não divulgou os nomes dos alvos. Eles foram confirmados ao Hoje em Dia pelo advogado Leonardo Carvalho de Campos, representante da seita e do pastor Araújo. Os seis suspeitos são apontados pela PF como integrantes da cúpula da congregação. Também teriam usado laranjas para ocultar patrimônio acumulado com o desvio de doações de fiéis. O objetivo seria esconder a existência de restaurantes, fazendas, lojas de autopeças, contas bancárias, postos de combustível, entre outros comércios que, na realidade, pertenceriam aos investigados. Araújo seria o líder da organização criminosa. Principal investigado, ele se sentiu mal e teve que ser atendido pelo Samu, antes de ser remanejado da delegacia de Varginha para o presídio de Três Corações. O depoimento dele corre em segredo de Justiça.   Segundo as investigações, o patrimônio do grupo, amealhado com dinheiro de doação dos fiéis, chega a R$ 100 milhões.   Nesta terça-feira (18), o advogado Leonardo de Campos foi até Varginha, no Sul de Minas, para ter acesso ao inquérito. Em entrevista, Campos refuta as acusações que recaem sobre os clientes dele e crítica a ação dos federais. Sobre a tese de lavagem de dinheiro, ele alega: “O pastor não tem nada no nome dele”. Em relação aos indícios de trabalho escravo nas fazendas, o advogado diz se tratar de comunidade independente que trabalha em associação. “A prisão deles foi totalmente desnecessária. Bastava fazer uma convocação para depoimento”, lamentou.   Ao todo, 129 mandados judiciais foram expedidos pela juíza Rogéria Maria Castro de Belli, da 4ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte, entre mandados de prisão, condução coercitiva, bloqueio de bens e contas bancárias. Entre os carros apreendidos, estão uma Toyota Hilux e um sedã da Mercedes-Benz.

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