PM Ambiental monitora redes sociais para identificar venda de animais

Danilo Viegas
dviegas@hojeemdia.com.br
03/06/2016 às 20:01.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:44
 (WESLEY RODRIGUES)

(WESLEY RODRIGUES)

Há muito tempo as redes sociais deixaram de ser apenas instrumento de comunicação e interação entre as pessoas. Os dados dos perfis e fotos servem também para identificar autores de crimes ambientais. No ano passado, quatro operações da Polícia Militar do Meio Ambiente foram baseadas em um levantamento feito a partir de redes sociais.

Ao todo, mais de 200 animais foram apreendidos em BH e na região metropolitana, entre eles serpentes, escorpiões, tartarugas e lagartos. “Como tudo evolui, nós também seguimos neste sentido. Mudamos o nosso perfil de atuação e conseguimos mais efetividade”, explica o comandante da PM de Meio Ambiente, major Juliano Trant.

O comércio de aves silvestres é a segunda causa de extinção de espécies ou diminuição drástica de populações no Brasil. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 155

Não há uma equipe fixa de acompanhamento de redes sociais, o trabalho é feito por todos os militares por meio de seus perfis pessoais. Desta forma, são identificadas, principalmente, pessoas que vendem animais silvestres, como pássaros e répteis.

“Quando trata-se de alguém conhecido, que já foi pego antes neste tipo de crime, é mais fácil porque temos os dados aqui. Quando identificamos um perfil novo, vamos atrás das informações até localizar o suspeito e conseguir um mandado”, afirma o major.

Os animais apreendidos são levados para bases do Ibama ou da Associação Mineira de Meio Ambiente (Amda) onde são cuidados e preparados para voltar ao habitat natural. Ontem, 80 pássaros silvestres, vítimas do tráfico de animais em Minas, foram soltos na Fazenda Carvalhos, em Brumadinho, na Grande BH. (veja vídeo abaixo)

 A ação, uma parceria entre o Ibama e a Amda, faz parte do projeto Área de Soltura de Aves Silvestres (Asas) e celebrou a Semana Mundial do Meio Ambiente. “O tráfico já começa quando o animal é retirado do ninho”, diz Maria Dalce Ricas, superintendente da Amda. Dentre as espécies libertadas estão canários-da-terra, periquito-rei, maritacas, periquitos, sabiás e coleirinhos.

Segundo o veterinário da Amda, João Paulo Mourão, o estresse causado pelos maus-tratos do tráfico provoca diversas doenças nos animais, como diarreia e problemas respiratórios. “Algumas espécies, como o papagaio verdadeiro, desenvolvem fortes vínculos com as pessoas e não têm condições de viver independentes na natureza”, afirma. Os filhotes deles é que poderão ganhar a liberdade.

Educação
As aves foram soltas por alunos das escolas da região que participaram do projeto, como uma iniciativa de conscientização ambiental. Com apenas 6 anos, Gael Borges já sabe da importância de livrar os animais do cativeiro. “Os animais ficam felizes soltos, porque a natureza é perfeita”, afirma.
 
De acordo com o biólogo Francisco Vasconcelos, a soltura é feita apenas com pássaros nativos da região da Mata Atlântica. “Eles não migram imediatamente. Ficam ao redor da fazenda, ainda se alimentando de nossas rações para só depois alçar voos maiores”.

Tráfico de animais
No ano passado, foram registradas 310 ocorrências de apreensão de animais silvestres em Minas. De acordo com o comandante da PM Ambiental, Juliano José Trant, o apoio da sociedade civil é fundamental no combate ao tráfico.

112 ocorrências de apreensão de espécies silvestres foram registradas de janeiro a abril deste ano, contra 103 no mesmo período do ano passado. Em cada ocorrência, vários animais são resgatados

  

“A população deve se conscientizar que manter em cativeiro um animal que é feito para voar se constitui em crime”, diz. A pena para o tráfico de animais silvestres varia entre seis meses e um ano, além de multa.WESLEY RODRIGUES

Estudantes participaram da soltura de aves ontem e se encantaram com os papagaios

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