Pelo menos dez grupos suspeitos de comandar o tráfico de drogas em Minas, principalmente na Grande BH, foram presos só neste mês. Maconha, cocaína, ecstasy e haxixe estão entre os entorpecentes recolhidos, que abasteceriam bocas de fumo. Além do comércio ilegal, integrantes dos bandos também estariam envolvidos em homicídios e assaltos a bancos.
A Polícia Civil diz que as ações são resultado de investigações para identificar os “chefes do tráfico” e, assim, diminuir a circulação de drogas nas cidades. No entanto, dados de materiais apreendidos e o total de prisões, neste ano, não foram informados.
“Nossas investigações não param. Além de alcançar o responsável pelo grupo criminoso, também temos como objetivo encontrar os executores da venda no varejo”, afirma o delegado Wagner Pinto, chefe do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc).
Desafio
Manter as áreas desarticuladas do tráfico sem novas organizações criminosas é outro desafio. Após as prisões, bandos rivais acabam ocupando o espaço. “Mais cedo ou mais tarde, outros grupos vão retomar o comércio de drogas na região. O tráfico financia outros crimes, assim como é financiado por outros delitos, o que torna a prática muito rentável no meio criminoso”, afirma o especialista em segurança pública Jorge Tassi, que é professor da faculdade UNA.
Tassi também é cauteloso ao analisar as prisões ocorridas. Segundo ele, os bandidos estão cada vez mais organizados, se readaptando para burlar a polícia. “São grupos bem articulados. Acredito que, na maioria das vezes, não é o ‘chefe do tráfico’ que vai preso e sim o ‘gerente’, que até desconhece a origem do dinheiro para a aquisição dos entorpecentes”, diz.
O próprio delegado Wagner Pinto reconhece a dificuldade em banir a presença de outros criminosos nas áreas desarticuladas. Para ele, “a presença do poder público nestes locais é essencial”. No entanto, ele reafirma que os “líderes” têm sido presos.
Tentáculos
“Eles se mantém escondidos e delegam funções, o que chamamos de tentáculos. Na maior parte das vezes, esses suspeitos que são presos. O que mudou agora é que conseguimos identificar o responsável pelos grupos e assim desarticular o esquema criminoso”, diz o delegado.
Dentre as detenções deste mês, na semana passada equipes do Denarc prenderam 12 suspeitos que atuavam em Betim e Contagem (Grande BH) e em de Pará de Minas, Brumadinho e Divinópolis (região Central).
O grupo seria responsável por cometer uma série de roubos de carga. Com o lucro, comprava drogas e abastecia os municípios. O dinheiro também era usado para adquirir armamentos.
Os únicos dados de apreensões de drogas informados pela Polícia Civil são do ano passado e de 2016. Os números indicam queda. Em 2015 foram 57.238 ocorrências no Estado contra 50.098 no em 2016, um recuo de 12%.