Polícia Civil de Minas caça 'chefes' do tráfico de drogas

Gabriela Sales
gsales@hojeemdia.com.br
26/05/2017 às 18:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:44

Pelo menos dez grupos suspeitos de comandar o tráfico de drogas em Minas, principalmente na Grande BH, foram presos só neste mês. Maconha, cocaína, ecstasy e haxixe estão entre os entorpecentes recolhidos, que abasteceriam bocas de fumo. Além do comércio ilegal, integrantes dos bandos também estariam envolvidos em homicídios e assaltos a bancos.

A Polícia Civil diz que as ações são resultado de investigações para identificar os “chefes do tráfico” e, assim, diminuir a circulação de drogas nas cidades. No entanto, dados de materiais apreendidos e o total de prisões, neste ano, não foram informados.

No início deste mês, três homens – dois de 27 de anos e um de 24 – foram presos suspeitos de tráfico de drogas. Um imóvel no Santa Amélia, na Pampulha, era utilizado para armazenar os entorpecentes. Com o trio, a polícia apreendeu 44 kg de maconha, meio quilo de haxixe e 50 g de ecstasy. A droga abastecia as ‘bocas de fumo’ das regiões da Pampulha, Venda Nova e a cidade de Santa Luzia, na Grande BH

“Nossas investigações não param. Além de alcançar o responsável pelo grupo criminoso, também temos como objetivo encontrar os executores da venda no varejo”, afirma o delegado Wagner Pinto, chefe do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc).

Desafio

Manter as áreas desarticuladas do tráfico sem novas organizações criminosas é outro desafio. Após as prisões, bandos rivais acabam ocupando o espaço. “Mais cedo ou mais tarde, outros grupos vão retomar o comércio de drogas na região. O tráfico financia outros crimes, assim como é financiado por outros delitos, o que torna a prática muito rentável no meio criminoso”, afirma o especialista em segurança pública Jorge Tassi, que é professor da faculdade UNA.

Tassi também é cauteloso ao analisar as prisões ocorridas. Segundo ele, os bandidos estão cada vez mais organizados, se readaptando para burlar a polícia. “São grupos bem articulados. Acredito que, na maioria das vezes, não é o ‘chefe do tráfico’ que vai preso e sim o ‘gerente’, que até desconhece a origem do dinheiro para a aquisição dos entorpecentes”, diz. 

O próprio delegado Wagner Pinto reconhece a dificuldade em banir a presença de outros criminosos nas áreas desarticuladas. Para ele, “a presença do poder público nestes locais é essencial”. No entanto, ele reafirma que os “líderes” têm sido presos.

Tentáculos

“Eles se mantém escondidos e delegam funções, o que chamamos de tentáculos. Na maior parte das vezes, esses suspeitos que são presos. O que mudou agora é que conseguimos identificar o responsável pelos grupos e assim desarticular o esquema criminoso”, diz o delegado.

Dentre as detenções deste mês, na semana passada equipes do Denarc prenderam 12 suspeitos que atuavam em Betim e Contagem (Grande BH) e em de Pará de Minas, Brumadinho e Divinópolis (região Central). 

O grupo seria responsável por cometer uma série de roubos de carga. Com o lucro, comprava drogas e abastecia os municípios. O dinheiro também era usado para adquirir armamentos.

Os únicos dados de apreensões de drogas informados pela Polícia Civil são do ano passado e de 2016. Os números indicam queda. Em 2015 foram 57.238 ocorrências no Estado contra 50.098 no em 2016, um recuo de 12%.

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