Polícia Civil ouve testemunhas para esclarecer assassinato de delegado em BH

Alessandra Mendes - Hoje em Dia
21/09/2015 às 08:07.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:48
 (Carlos Henrique)

(Carlos Henrique)

A Polícia Civil começa a ouvir nesta segunda (21) as testemunhas do assassinato do delegado Vanius Henrique de Campos, de 43 anos, morto a tiros na madrugada de sábado em uma loja de conveniência, na zona Sul da capital. Devem prestar depoimento os atendentes e gerente do estabelecimento, além de frentistas e outros funcionários que estavam no posto de combustível no momento do crime. Os suspeitos do assassinato, dois adolescentes de 16 e 17 anos, já foram identificados como sendo moradores do Morro do Querosene, aglomerado que fica na região Sul de BH. Até o fechamento desta edição, os jovens não tinham sido localizados.


Apesar de a Polícia Civil ter divulgado a informação de que o delegado teria sido baleado ao tentar impedir que um cliente da loja fosse extorquido pelos rapazes, a hipótese não teria sido confirmada no depoimento preliminar das testemunhas. Outro item que contesta a versão da extorsão é o fato de que os menores pagaram pelos produtos comprados no local.


“Quero crer que não tinha a intenção do assalto ou qualquer outro crime. Tanto é que mostra na filmagem eles pagando pela cerveja. Naquele momento, houve uma discussão ali, que culminou com a morte do delegado”, explicou o chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Osvado Wiermann.


Antes do atrito entre o delegado e os menores, os jovens chegaram a falar com um cliente da loja sobre a compra de uma garrafa de uísque, o que levantou a suspeita de tentativa de extorsão. Entretanto, fontes ligadas à investigação dão conta de que a confusão teria, de fato, se iniciado por causa de uma provocação que partiu dos rapazes depois de terem sido abordados pelo policial.


Após se identificar como delegado para os menores que estavam no caixa, um deles teria dito ao policial que ele não precisava desconfiar da atitude deles porque não eram ladrões e que ganhavam com drogas mais do que ele como delegado. Esse relato teria sido feito por um dos funcionários do estabelecimento, que presenciou a briga.


Inquérito


“A testemunha já relatou algumas coisas que precisamos apurar mais, precisamos da oitiva para mais detalhes. Nós vamos investigar o que ocorreu e por que houve a discussão”, explicou Wiermann. Apesar de ainda não ter certeza sobre a motivação do atrito entre as partes, a corporação, que chegou a falar em latrocínio (roubo seguido de morte) investiga o caso como sendo homicídio.


O corpo de Vanius Henrique de Campos foi enterrado nesse domingo no Cemitério Bosque da Esperança e a família não permitiu a entrada da imprensa. Dezenas de colegas de trabalho do delegado estiveram no local e os amigos relataram um clima de consternação e tristeza. “Foi uma morte covarde, não era para ter acontecido. Isso não é só resultado da criminalidade, mas de um problema social, de ética”, afirmou o delegado Rodrigo Bossi, que trabalhou com a vítima.


“Entendemos que essa questão vai além da segurança pública. Penso que estamos caminhando para um limite do insuportável. Esse acontecido demonstra que ninguém está livre de um fenômeno criminoso”, reforçou o chefe da Polícia Civil, Wanderson Gomes, que também esteve no sepultamento do colega.


Vanius Campos trabalhava na Polícia Civil há oito anos e estava lotado na Delegacia Adida ao Juizado Especial Criminal (Deajec). O laudo, que vai determinar quantos tiros o delegado levou, (foram encontradas quatro perfurações), e se ele estava sob efeito de bebida alcoólica sai em 30 dias.


- A polícia não descarta a hipótese de que os adolescentes tenham recebido ajuda para fugir do local após o assassinato, já que só de carro ou moto conseguiriam chegar tão rápido ao aglomerado após o crime no posto da Prudente de Morais
 

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