População de BH pode ficar sem transporte coletivo se ataques persistirem

Cinthya Oliveira e Daniele Franco
horizontes@hojeemdia.com.br
27/06/2018 às 20:38.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:03
 (Maurício Vieira/26-06-2018)

(Maurício Vieira/26-06-2018)

Se não parar, a sequência de ataques a ônibus na capital poderá deixar os passageiros a pé. Usuários do transporte coletivo já começaram a ser prejudicados. O serviço ficou suspenso por cerca de seis horas durante o início da noite de terça-feira e a madrugada de ontem, após dois veículos serem queimados na região de Venda Nova.

Quem garante a possibilidade de novas paralisações é o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), Joel Paschoalin. “Se houver risco iminente de queima de coletivos em uma determinada linha, vamos recolher os veículos”, disse. 

O prefeito Alexandre Kalil admitiu que a decisão está na mão das concessionárias que operam o sistema. “Não tenho como obrigar os empresários a colocarem ônibus na rua para depois serem incendiados”, frisou.

“Isso (retirada dos coletivos das ruas) pode se tornar rotina em BH, caso os ataques continuem” (Alexandre Kalil, prefeito)

Prejuízos

Além de garantir a integridade física de motoristas e passageiros, o recolhimento dos veículos de transporte de passageiros busca evitar mais prejuízos. Segundo o Setra, cada coletivo incendiado custa cerca de R$ 400 mil às empresas. Joel Paschoalin reafirmou que, por se tratar de ataques de populares, os ônibus queimados não são cobertos pelo seguro, e a reposição deixa de ser feita.

A redução de ônibus, porém, não significa que alguma região ficará desguarnecida, diz o presidente da BHTrans, Célio Bouzada. Segundo ele, as concessionárias têm responsabilidades contratuais a cumprir, e cada retirada será avaliada. Uma alternativa seria o remanejamento de linhas para minimizar os transtornos aos usuários.

Segurança

Numa tentativa de coibir novos incêndios, o governo do Estado anunciou a criação de uma opção no telefone Disque 181 para a população denunciar as ocorrências. Os relatos são anônimos. Outra estratégia adotada é o aperfeiçoamento de uma rede de informações com as empresas de transporte, mapeando os endereços considerados mais críticos. O patrulhamento será intensificado nos locais onde for detectado maior risco de ataque.

Suposto mandante

O suposto mandante dos ataques a dois ônibus em Venda Nova foi preso durante operação deflagrada pela Polícia Militar (PM) na Vila Mãe dos Pobres. O suspeito, de 33 anos, já teria ficha criminal por tráfico de drogas, homicídio e porte ilegal de armas.

O rapaz negou os crimes. Mas, segundo a corporação, há provas de que ele esteja ligado aos atos, que teriam ocorrido após uma batida policial no aglomerado, na segunda-feira. Um adolescente foi ferido na ação.

O primeiro coletivo a ser queimado foi o 640 (Estação Venda Nova-Jardim Leblon), às 9h. À noite, foi um veículo da linha 615 (Estação Pampulha-Céu Azul B).

Comandante da PM mineira, o coronel Helbert Figueiró disse que as ocorrências não têm relação com a onda de vandalismo ocorrida em várias cidades do Estado, desde 3 de junho. Mais de 70 veículos foram incendiados em 40 municípios.

Nesses casos, acredita-se que os ataques tenham sido ordenados por membros da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). “Toda vez em que há um episódio, como confronto com traficantes, algum ônibus acaba sendo queimado”.

Segundo o governador Fernando Pimentel, o combate aos crimes foi intensificado. “De fevereiro a junho de 2017 foram 20 ônibus. No mesmo período deste ano, 14. Houve uma redução, mas o nosso objetivo é zerar essa conta”.


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