Por dia, 17 árvores deixam de existir em BH; número de supressões dobrou

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
21/06/2018 às 20:29.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:54
 (LUCAS PRATES)

(LUCAS PRATES)

Nada menos que 2.685 árvores foram suprimidas em Belo Horizonte só no primeiro trimestre deste ano. A média de 17 espécimes que deixam de existir, diariamente, é o dobro dos oito cortes registrados a cada 24 horas em 2017. 

Mais do que o resultado dos ataques dos besouros metálicos nos troncos, o aumento também é reflexo de uma força-tarefa, iniciada há dois meses, após a queda de um exemplar de grande porte em um transformador, no bairro de Lourdes, região Centro-Sul. Houve uma explosão e nove carros ficaram destruídos.

O uso da motosserra ficou mais intenso a partir de 19 de abril. Até o fim de maio já foram 1.300 supressões e 6.600 podas, feitas para evitar novos acidentes. Os números são da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura da capital.

O pente-fino termina em 19 de julho. A partir desta data, as intervenções vão ocorrer conforme as demandas da população. “Tínhamos um acúmulo de árvores em risco, por isso encontramos tantas com necessidade de corte. No ano passado, as chuvas atrapalharam muito nosso trabalho, pois tínhamos que focar nos casos que chegavam durante os temporais”, afirma Henrique Castilho, responsável pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap).

O número de profissionais envolvidos no trabalho também dobrou, passando de 18 equipes – com quatro pessoas cada – para 29. O investimento cresceu na mesma proporção: neste ano R$ 8 milhões foram gastos durante as intervenções.

Impacto

Apesar da supressão e das podas terem como objetivo evitar acidentes, parte dos trabalhos é questionada por especialistas. Para o professor do Departamento de Botânica da UFMG, Fernando Augusto de Oliveira Silveira, há um excesso. 

“O corte exagerado de árvores pode afetar o microclima da cidade. Primeiro, porque reduz as áreas de sombra. Segundo, porque elas são úteis por retirar a água do solo e, na transpira-ção pelas folhas, tornarem o ambiente mais úmido. Ou seja, a presença delas reduz problemas respiratórios”, explica. 

Para o arquiteto e urbanista, Sérgio Myssior, a ação pode comprometer a beleza da metrópole. “Era necessário um mapeamento mais detalhado para que tivéssemos noção do que está em risco e planejássemos o replantio sem impacto significativo na paisagem”, afirma.

Podas

Milhares de podas também ocorreram na capital. Os trabahos coordenados pela Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura da capital apontam que mais de 14 mil intervenções foram feitas. Além da ação feita pela administração municipal, a Cemig realiza trabalhos quando há riscos para a fiação. A empresa, no entanto, apresentou dados consolidados de toda a Grande BH, onde 35 mil podas aconteceram até a segunda quinzena de maio.

de fiação subterrânea” (Sérgio Myssior, urbanista)

responsáveis por 20% dos cortes

A presença dos besouros metálicos também preocupa. Cerca de 20% das supressões feitas na força-tarefa são em função dos estragos causados pela presença do inseto. São quase 540 mungubas e paineiras (as mais atacadas pela praga) que deixaram de existir em apenas dois meses.

No ano passado, a prefeitura assinou um contrato de emergência, com validade de fevereiro a agosto, para eliminar o bicho das espécies. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, R$ 863 mil foram investidos.

Neste ano, os trabalhos são feitos pela Secretaria Municipal de Obras. De acordo com o superintendente da Sudecap, Henrique Castilho, além da praga, outros fatores afetam as áreas verdes da capital. 

Cerca de 80% dos cortes têm causas diversas como tempo de existência da árvore, obras feitas de forma inadequada no passeio, com impacto sobre as raízes, e o plantio de espécies indevidas para o meio urbano.

Replantio 

Castilho diz que haverá replantio em outros locais, mas em mesmo número da retirada. A ação será feita a partir de julho. “Temos que ter em mente que as árvores nascem, crescem e caem. Nós estamos nos adiantando e só retirando aquelas que não estão em condições para resguardar a população. Mas claro que vamos fazer o replantio”, garante. 

O professor de botânica da UFMG, Fernando Augusto de Oliveira Silveira, pondera que a substituição não é imediata. Isso porque algumas espécies demoram décadas para alcançar um maior porte.RIVA MOREIRATrabalhos ficaram mais intensos a partir de abril

Serviço

Quem quiser solicitar o corte ou poda pode entrar em contato com a prefeitura de diversas formas. O serviço pode ser pedido pelo site pbh.gov.br/sac, aplicativo PBH App, BH Resolve (Rua dos Caetés, 342 – Centro), sedes das regionais ou pela Central de Atendimento Telefônico 156.Editoria de Arte


 

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