Posto de saúde dividido por área de domínio de gangues

Gabriela Sales - Hoje em Dia
03/02/2016 às 07:17.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:17
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Mesmo com a permanência da Polícia Militar no aglomerado da Serra, moradores ainda convivem com o medo. A trégua nos tiroteios, percebida por eles nessa terça (2), após uma semana de intensas trocas de tiros durante as madrugadas, não representou a volta da paz.

A maior parte do comércio mantém as portas abertas apenas quando há militares nas ruas. “Quando a polícia sai, os olheiros voltam a circular. Aí a gente sabe que é hora de fechar”, relatou o dono de uma mercearia na região de conflito.

Há dois dias, o atendimento no Centro de Saúde do Cafezal é realizado de forma improvisada, por causa das ameaças feitas por traficantes. Para atender aos dois lados em conflito e garantir a segurança de moradores e funcionários, o serviço foi dividido entre territórios.

Parte da assistência está sendo feita na unidade localizada no interior do aglomerado, dominada pela gangue Bandonion, e outra em um anexo, próximo a rua Sacramento, comandada pelo grupo de mesmo nome.

Garantias

Coronel do Comando de Policiamento Especializado (CPE), Robson Queiroz garante que os moradores podem retomar a rotina. “A PM está presente e não vamos encerrar as operações enquanto todos os criminosos não forem presos. Se eles engrossarem, nós iremos engrossar”.

No segundo dia de operação mais intensiva na comunidade, militares do 22ºBatalhão, Choque, Cavalaria, Gate, Rotam e grupamento aéreo realizaram várias incursões no local.

Policiais se espremiam nas vielas na tentativa de identificar integrantes das gangues. Além de conseguirem tomar todos os pontos utilizados como apoio para criminosos, apreenderam R$ 4.800 e 54 pedras de crack com um homem, que acabou detido.


No bairro - moradora mostra cápsulas de bala (Foto: Divulgação)

Prejuízo

Entre uma atividade e outra da polícia, uma costureira de 52 anos observava da janela a movimentação das viaturas. Desde o início dos conflitos, ela interrompeu as atividades. “Não recebo ninguém. Roupa eu não entrego enquanto essa briga não acabar”, conta.

Pelo menos a última noite foi mais tranquila. Depois de oito dias de tiroteios, a comunidade teve a oportunidade de passar uma madrugada sem o clima de guerra. “Nem acredito que consegui dormir. Espero que esse pesadelo acabe logo”, comemora a moradora da comunidade que pediu anonimato.

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