Prefeitura vai remover famílias de condomínio ao lado de viaduto que desabou

Hoje em Dia
22/07/2014 às 20:14.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:29
 (Lucas Prates/Hoje em Dia/Arquivo)

(Lucas Prates/Hoje em Dia/Arquivo)

A Prefeitura de Belo Horizonte decidiu na noite desta terça-feira (22) retirar os moradores de dois blocos do condomínio Antares, na avenida Pedro I, próximo ao viaduto "Batalha dos Guararapes", na região da Pampulha, que desabou no último dia 3 de julho. A remoção dos moradores será feita nesta quarta-feira (23).   A decisão aconteceu após o anúncio da construtora Cowan, nesta terça, que apresentou o resultado da perícia feita no projeto do viaduto, e alertou que a alça norte, que passou a ser escorada depois da tragédia, também corre o risco de desabar, já que projeto para a construção de ambas as alças foi o mesmo. Por causa desse resultado, a PBH decidiu pela medida para evitar o risco de uma nova tragédia na região.    Durante a apresentação do laudo pericial, a construtora Cowan informou que foram detectadas falhas de concepção do projeto executivo feito pela Consol, o que provocou a queda do ramo sul do viaduto. Segundo a empresa, um erro de planejamento, que apontava a quantidade de aço que deveria sustentar o pilar do viaduto, foi a principal causa do desabamento. Com o erro, um dos pilares afundou, provocando a tragédia.   De acordo com relatório apresentado pelo diretor da Cowan, José Paulo Toller Motta, pelo calculista da Enescil Engenharia, Catão Francisco Ribeiro, e pelo perito e engenheiro Eduardo Vaz de Mello, membro efetivo do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia-Mineiro (IBAPE/MG) e membro titular da Associação dos Peritos Judiciais de Minas Gerais (ASPEJUDI/MG), o projeto foi feito com um décimo da quantidade de aço que deveria ser utilizada para suportar o peso da construção.   "O bloco foi dimensionado com um décimo do aço que deveria ter para equilibrar o peso do pilar e do viaduto sobre as estacas. Como não tinha esse aço, o peso se acumulou sobre duas estacas que ficavam bem nas laterais do pilar", afirmou Ribeiro.   Assista ao vídeo que mostra como foi o processo de construção do viaduto:

Veja a animação de como aconteceu a ruptura e desabamento do viaduto:

  Dados técnicos   No parecer apresentado pela Construtora Cowan, ficou evidenciado que o aço necessário para os esforços à flexão deveria ser de 685 cm², mas o aço projetado para os mesmo esforços foi de 50,3 cm².   O aço necessário para os esforços de cisalhamento deveria ser de 184,1 cm², mas não foi considerado aço para os mesmos esforços, no projeto executivo fornecido pela Sudecap. O aço necessário para os esforços à torsão deveria ser de 10,2 cm², mas também não foi considerado no projeto entregue.   Conclusão do relatório   O documento apresentado pela empresa concluiu que "a ruptura estrutural do bloco do Pilar P3 foi por flexão e cisalhamento, uma vez que o projeto não previu armadura (aço) sufuciente para esses esforços".   Videos divulgados durante a coletiva da Construtora Cowan mostram o processo de construção do viaduto, explicando como aconteceram as falhas que resultaram no desabamento.    Consol contesta Cowan   A Consol Engenheiros Consultores contestou a declaração da Cowan. Em nota, informou que a empresa não acompanhou a construção do viaduto "Batalha dos Guararapes", nem teve acesso a qualquer documento de controle da obra. Presidente do grupo, Maurício de Lana ressaltou que as informações preliminares indicam divergência entre o projeto elaborado e a execução do viaduto, mas que aguarda as conclusões da perícia oficial para identificar as reais causas da tragédia. Sem revelar o nome do calculista da Consol, Lana disse que é um profissional com “muitos anos de experiência no mercado”. A empresa atuou em outras intervenções de grande porte, como na Linha Verde.   A Secretaria Municipal de Obras, por meio da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), informou que tomará as providências que julgar necessárias em relação ao Viaduto Batalha dos Guararapes, tão logo analise o relatório apresentado pela Construtora Cowan.    Prefeitura vai cobrar respostas   A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Coordenadoria Municipal da Defesa Civil, informou que tomou todas as medidas necessárias para monitorar a situação da Alça Norte do referido viaduto.   A pista da avenida Pedro I continua fechada para o tráfego de veículos e como há risco de queda da alça norte do viaduto a Prefeitura solicitou à Cowan que adote medidas de proteção civil para os moradores do entorno do viaduto. O trabalho será realizado sob a orientação da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil;   Foi solicitado, ainda, à Cowan que apresente de imediato, para análise, o projeto de demolição da alça Norte do viaduto Guararapes, conforme sugere o parecer apresentado pela empresa. A PBH garante que cobrará punição e ressarcimento por falhas em quaisquer etapas das obras.     Veja a galeria de imagens da tragédia:

 

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