Presos são transferidos após rebelião em Governador Valadares

Ana Lúcia Gonçalves - Hoje em Dia
07/06/2015 às 09:13.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:22

GOVERNADOR VALADARES - Cerca de 600 presos já foram transferidos do presídio de Governador Valadares, no Leste do Estado, após uma rebelião que durou mais de 24 horas. A unidade, que tem capacidade para 290 detentos, estava com aproximadamente 800 presos. Durante o motim, que começou no início da manhã desse sábado (6) e terminou na manhã deste domingo (7), dois presos foram mortos e outros dez ficaram feridos, sendo dois em estado grave.   Durante a madrugada de muita tensão, o helicóptero Pégasus da PM sobrevoou o presídio. Bombas e foguetes também foram utilizadas para impedir que os detentos dormissem. Pela manhã os primeiros começaram a se render. Cerca de 20, saíram por volta das 5 horas.    A expectativa é que todos os presos sejam retirados ainda hoje. A unidade prisional vai passar agora por reformas. De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), "há várias celas intactas e outras com avarias nas portas, partes estruturais do presídio, como pilares e vigas, não foram abaladas". Dessa forma, ainda segundo a Seds "uma reforma da unidade, para que volte a ter a capacidade original de custódia de presos, não será de grande custo financeiro nem demandará prazo longo".   O secretário de Estado de Defesa Social, Bernardo Santana, e o subsecretário de Administração Prisional, Antônio de Padova Marchi Júnior, já estão na cidade para acompanhar a situação.   Histórico   A confusão no presídio de Governador Valadares começou no início do horário de visitas na manhã desse sábado (6). Presos dos blocos B e D iniciaram um motim com a quebra das grades das celas enquanto ocorria visitas em um dos dois pátios. A situação evoluiu para rebelião com a tomada de outros pavilhões (são quatro ao todo) e da área administrativa   Relatos   A mulher de um detento, Ana Paula Teixeira Dias, de 30 anos, confirmou a presença de crianças entre os familiares. Segundo ela o motim começou depois que um preso levou um tiro de uma arma calibre 12 no pé e, sangrando, foi impedido pelos agentes de pegar um lençol para estancar o ferimento.    A agressão teria ocorrido perto da mulher e uma filha pequena do preso. "Os demais se revoltaram. Apanharam muito. Foi uma injustiça, briga desmedida. Sofremos muito lá dentro com bombas, tiros e fumaça, mas se não fosse a gente ficar lá teriam massacrado os presos", disse.    A dona de casa Maria Goncalves, de 54 anos, saiu do presídio revoltada. "Na hora da visita um agente comecou a bater num preso na frente da filha dele. Os demais nao aceitaram", conta. A PM não confirma essas informações.       Os presos serão transferidos para centros de detenção de Juiz de Fora, Teófilo Otoni, Ipatinga e Penitenciaria Francisco Floriano de Paula, que fica no distrito de Nova Floresta em Valadares.   De acordo com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Valadares, Elias Souto, dos 829 detentos, pelo menos 300 já são condenados e deveriam ter sido encaminhados para outros presídios. Um mutirão para apurar quantos presos já cumpriram a pena e podem ser liberados também foi realizado, mas segundo Souto, nenhum deles alcançou o benefício da liberdade até o momento.    A operação no presídio envolveu 90 policiais militares e 150 agentes penitenciários de Belo Horizonte e Governador Valadares.    Atualizada às 11h35

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