Primeira mesa redonda traz visões antagônicas sobre o aquecimento global

Álvaro Castro e Danilo Emerich – Hoje em Dia
12/06/2013 às 11:10.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:03
 (Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/Hoje em Dia)

A primeira mesa redonda do 11 Seminário Meio Ambiente e Cidadania trouxe um debate acerca das mudanças climáticas em si e diferentes modelos e conceitos que envolvem o conceito que hoje é largamente difundido. A mesa foi composta por visões distintas e que geram um contraponto entre si, com a participação de Adma Raia – coordenadora do Centro de Climatologia da PUC Minas TempoClima – e Fúlvio Cupolillo – professor titular do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Minas Gerais.

A mesa redonda trouxe discussões acerca de conceituação e aplicação de modelos que são largamente difundidos, debatidos e muitas vezes alardeados. Adma Raia iniciou a exposição e debateu sobre questões naturais (ciclos solares, El Niño, variação orbital da Terra) e antrópicas (causadas pelo homem) nas chamadas mudanças climáticas.

“Hoje, 95% dos cientistas trabalham com a hipótese da ocorrência do aquecimento global e isso e resultado das mudanças de natureza antrópicas, sobretudo a concentração dos gases devido a ação do homem”, disse

Segundo a pesquisadora, uma mudança neste cenário prima por uma mudança de comportamento de consumo da população. Segundo dados apresentados durante a palestra, cada pessoa produz, atualmente e em média, 1,5 quilo de lixo por dia, totalizando cerca de 550 quilos de resíduos sólidos por ano. Além de contribuir para a emissão dos gases de efeito estufa (os mais nocivos são o metano e o dióxido de carbono), a alta concentração de lixos favorecem, em ambiente urbano, o agravamento de desastres naturais, como enchentes.

Para Raia, a ação do homem e suas mudanças e ações nos centros urbanos e o aumento das concentrações de gases influenciam diretamente no clima global, gerando aquecimento, que vem alterando sensivelmente o clima do planeta.

Em contraponto a essas ideias, Fúlvio Cupolillo defende a existência de duas correntes dentre os pesquisadores da área, que abarcam as visões atrópicas e naturais com relação ao clima da Terra. O professor discorda da questão dos eventos locais enquanto influência direta na formação do clima do planeta. “É difícil mensurar em que medida os eventos locais têm influência no clima global e refletir até que ponto o homem ata diretamente neste processo”, analisa.

Ele afirma que eventos como o Seminário devem ser incentivados, mas seria necessário uma mudança na educação das escolas para sucitar um debate que ele entende como mais correto. “Chamamos tudo de mudança climática. A mudança climática e suas variaçõess se aplicam a intervalos temporais cabíveis. Existem flutuações climáticas que podem levar a tendências e essas à mudança”, explicou. “Nossas avos diziam que Belo Horizonte era mais frio mas isso não necessariamente constitui uma mudança climática, mas sim uma flutuação”, analisou.

O professor defende que divrsos modelos foram ignorados ao longo do tempo e que algumas variáveis recebem muita atenção e são mostradas como mudanças climáticas, mas que seriam apenas ciclos naturais e que acontecem de forma natural ao longo do tempo.

Contudo, ambos os conferencistas defendem ideias que convergem, como por exemplo na quest!ao dos climas urbanos e como sentimos as mudanças de temperatura nas grandes cidades. “BH hoje, a temperatura máxima se mantém na média. No entanto as temperaturas mínimas estão em media 1 a 2 graus mais altas do que 50 anos atrás. Esta ficando menos frio. Isso não pode ser atribuído ao aquecimento global, mas sim as mudanças do uso do solo da cidade. Essa mudança local pode influenciar no efeito global”, afirmou Adma Raia.

Contudo, é no útimo ponto em que ambos discordam, enriquecendo o debate sobre o tema, t!ao debatido e difundido. “O ser humano tem influencia no clima local – exemplo uso e ocupação do solo, mas em escala global e mais difícil. 75% do planeta é composto por oceanos, 25% continente, 14% glaciares, rios, lagos, etc. Sobrou 11%. Dentro disso, existem desertos, florestas e outros. No final da historia sobram 7% para a humanidade. Qualquer professor de estatística iria corroborar que 7% não vão influenciar 93% do planeta. Quem manda no clima do planeta é o oceano”, rebateu Fúlvio.

Contudo, ambos os pesquisadores acreditam na importância de se adotar atitudes sustentáveis. Seja para a diminuição dos gases de efeito estufa e retardar o aquecimento global, como acredita Adma, seja apenas para dar mais qualidade de vida para a humanidade como defende Fúlvio. Por isso, ambos defendem o uso de uma matriz energética diferente da que vem sendo utilizada atualmente, com a adoção de fontes limpas e renováveis. Apenas diferem na razão para tal.

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