Problemas renais acometem a maioria dos gatos

Izabela Ventura - Do Hoje em Dia
Hoje em Dia - Belo Horizonte
15/09/2012 às 15:43.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:18
 (CARLOS RHIENCK)

(CARLOS RHIENCK)

Cerca de 60% dos gatos terão problemas nos órgãos do sistema urinário – composto por rins, ureteres, bexiga e uretra –, pelo menos uma vez na vida. A informação é de especialistas, que revelam: as doenças renais são os males mais frequentes nos felinos e a segunda causa de morte mais comum entre eles.

Elas são tão frequentes porque os gatos não têm o hábito de beber muita água, como fazem os cães, segundo a especialista em clínica médica e cirúrgica de felinos, Tathiana Mourão dos Anjos.

Outra explicação para essa predisposição está na genética. Uma vez que os felinos são de origem desértica, são acostumados a ingerir pouco líquido.

A nefrologista veterinária Karine Kleine ensina uma dica importante para estimular a hidratação dos bichanos. “Espalhe vários (e limpos) recipientes de água fresca pela casa para eles terem contato com líquido o tempo todo”.

Doença renal

Entre as doenças renais mais comuns, Karine cita as pedras (cálculos renais) e os cistos.

Problema mais grave é a insuficiência renal crônica, definida por Tathiana dos Anjos como um processo degenerativo dos rins, que sofrem várias lesões ao longo do tempo. “A doença renal crônica acomete majoritariamente animais acima dos 7 anos, mas pode atingir gatos de todas as idades”, afirma.

A insuficiência renal pode ser motivada por qualquer outra doença, como a cardíaca, o diabetes e infecções. Quando ela é diagnosticada nas fases iniciais, de acordo com Karine, o quadro pode ser revertido com medicamentos, ou mesmo com uma dieta diferenciada.

Hemodiálise

Uma alternativa para os casos mais graves é a hemodiálise (a filtragem do sangue) que, geralmente, garante bons resultados com duas sessões. “Mesmo que não haja chances de cura, há grandes perspectivas para melhorar a qualidade de vida do animal”, diz Karina, que faz o tratamento em São Paulo.

Diferentemente de dez anos atrás, a maior parte dos pacientes em hemodiálise são gatos. “Os felinos têm sido, cada vez mais, tratados como membros da família, recebendo tratamento adequado para as doenças”.

Em Belo Horizonte, no entanto, o trabalho dos veterinários é dificultado pela falta de equipamentos adequados ao baixo peso dos gatos. “Não há maquinário disponível por aqui, o que representa um entrave”, observa a especialista Tathiana dos Anjos.

 

                            

                        Karine Kleine faz hemodiálise na gata Kate, que tem doença renal crônica (Foto: Divulgação)

 

Perceber as doenças em cães é mais fácil

É mais fácil perceber os sintomas de doenças renais em cães, que demonstram mais seus sentimentos. Os gatos, ao contrário, não costumam demonstrar fraquezas, segundo a nefrologista veterinária Karine Kleine.

Por isso, segundo a especialista em felinos Tathiana Mourão do Anjos, é importante ficar atento às mudanças de comportamento no animal para um diagnóstico precoce. Os principais sintomas de problemas nos rins são falta de apetite e consequente perda de peso, desidratação, náuseas, vômito e diarreia.

Ela cuida de Kiko, um pelo curto brasileiro de 4 anos. Ele tem cistos nos rins e teve uma insuficiência renal aguda por causa de uma obstrução uretral. Depois de ser submetido a uma cirurgia, ele está bem melhor.

Insuficiências agudas e crônicas

Os principais problemas renais que acometem os cães são as insuficiências agudas e crônicas. As agudas podem ser corrigidas, enquanto as crônicas deixam sequelas. Segundo Júlio César Cambraia Veado, professor da UFMG e presidente do Colégio Brasileiro de Nefrologia e Urologia Veterinárias (CBNUV), o problema é mais grave quando a parte sã do rim não é suficiente para manter o animal vivo.

Nesses casos, técnicas como a hemodiálise realizadas no início do tratamento contribuem muito para a melhora do paciente. “Se a hemodiálise começar tarde, pode não surtir o efeito desejado, uma vez que o animal já está fraco e anêmico”.

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