Projeto prevê trem diário entre BH e Inhotim com composições do antigo Vera Cruz

Liziane Lopes
llopes@hojeemdia.com.br
08/05/2018 às 16:43.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:43
 (Sérgio Motta/Oscip Apito)

(Sérgio Motta/Oscip Apito)

Um projeto de implantação de um trem turístico promete ligar o Museu do Inhotim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, ao Museu de Artes e Ofícios na Praça da Estação, no Centro da capital. A ideia nasceu da união de três Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips): Apito, Instituto Cidades e ONG Trem. E o custo total estimado é de R$ 15 milhões.

Segundo o engenheiro ferroviário e presidente da Oscip Apito, Sérgio Motta, os vagões usados seriam as antigas composições do Vera Cruz, o primeiro trem de luxo que rodou em Minas Gerais e que, a partir da década de 50, conectou a capital mineira ao Rio de Janeiro. "Eles serão restaurados e dentro de cada um teríamos comissárias de bordo, que falariam várias línguas. Além disso, o passageiro poderia usufruir de cafezinho, refrigerante e salgadinho. Tudo incluído na passagem que, hoje, custaria, em torno de R$ 68", explicou Motta.

A expectativa é que, depois das reformas, os vagões tenham capacidade para transportar 1.480 passageiros por dia, 32.560 por mês e 390.720 por ano. Mas para que o projeto saia do papel, as Oscips precisam de uma autorização da MRS Logística, concessionária que detém a exploração do trecho ferroviário, além de investidores. "Estou em negociação com a diretoria da MRS desde 2010. Fiz até uma viagem no trecho com um dos diretores. Já perdi investidores porque a autorização ainda não saiu, mas tem muita gente interessada em investir no trem", afirmou Motta.

Já a MRS logística afirmou que foi informada oficialmente, por meio de nota, apenas nessa segunda-feira (7) a respeito da intenção das três Oscips e que considera "uma precipitação por parte das entidades envolvidas neste projeto" a implantação desse trem. 

De acordo com a MRS, a empresa precisa avaliar todos os aspectos relacionados ao caso, principalmente, os que envolvem a segurança ferroviária. "Importante frisar que a tendência mundial é de segregação entre trens de carga e de passageiros e não o contrário. Como sabe, a MRS Logística é uma ferrovia, exclusivamente, de cargas", justificou. 

A empresa destacou ainda que a decisão a respeito de projetos que envolvam transporte de passageiros é de competência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). 

A ANTT, por sua vez, informou que "o objeto do contrato de concessão da MRS é a exploração e desenvolvimento do serviço público de transporte ferroviário de carga", não envolvendo portanto o transporte de passageiro. Mas conforme contrato de concessão, a MRS pode assegurar a passagem de até dois pares de trens de passageiros, por dia, em trechos com volume anual de tráfego mínimo de 1.500.000 toneladas transportadas por quilômetro.

Quanto à implantação do trem, a Agência informou que "qualquer empresa que dispuser interesse em solicitar serviços de transporte ferroviário de passageiros com finalidade turística, histórico-cultural e comemorativa relativos à prestação não regular e eventual de serviços, deve obedecer aos procedimentos mediante a apresentação de requerimento à ANTT, acompanhada da documentação". 

Apoio

A iniciativa da implantação do trem já conta com apoio do Instituto Inhotim. Por meio de carta, o diretor Executivo do Museu, Antônio Grassi, informou que oferece apoio institucional e operacional para que "tal empreendimento se torne uma realidade e um sucesso". Segundo Grassi, "uma linha ferroviária para o Museu colocaria o Inhotim no registro da maioria dos grandes parques internacionais, que, via de regra, oferecem a estrutura ferroviária como uma opção de acessos". 

O Instituto Cultural Flávio Gutierrez, responsável pela gestão do Museu de Artes e Ofícios, também aprova a implantação. "Acreditamos que a citada alternativa  de acesso às Instituições Culturais, além de preservar a mais tradicional forma de mobilidade dos mineiros, irá proporcionar maior facilidade aos visitantes, integrar ainda mais os dois espaços e ratificar o esforço em Minas Gerais em favor da Cultura, Educação e Desenvolvimento Social", publicou Angela Gutierrez presidente do Instituto Cultural.

Atualmente, para se chegar ao Inhotim, há duas possibilidades rodoviárias: a BR-040 ou a BR-381. De carro, van ou ônibus, o trecho não é percorrido em menos de 1h20, dependendo do horário e do trânsito. A expectativa é que o trem possa fazer o percurso em uma hora.

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