Promessa de verba para obra de Niemeyer abandonada em Diamantina

RENATO FONSECA - Hoje em Dia
02/04/2014 às 07:21.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:53
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

DIAMANTINA – Na fachada e nos fundos, os traços do gênio do modernismo estão encobertos pelo abandono. Paredes e teto foram tomados por rachaduras, infiltrações e pichações. Portas e janelas estão quebradas e não restam mais vidros. E nos tradicionais arcos, marca registrada do arquiteto, o que salta aos olhos são azulejos danificados e o acúmulo de lodo.

O avançado estado de deterioração do Clube Social, em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, finalmente ganha um alento. A construção, primeira obra assinada por Oscar Niemeyer na terra de Juscelino Kubitschek, está com recursos assegurados da ordem de R$ 2,3 milhões do PAC Cidades Históricas. O restauro está previsto para este ano.

Erguido em 1950, em meio à arquitetura colonial do município, o imóvel tem grande valor histórico e artístico. O clube foi palco de grandes eventos sociais e culturais até meados da década de 80. Moradores e visitantes se reuniam com frequência para bailes de debutantes, concursos de miss e formaturas.

Nascido e criado na mesma residência onde ainda mora, de frente para a edificação, o aposentado Manoel Florentino Ferreira, de 82 anos, lamenta a atual situação. “É uma vergonha. Várias festas eram organizadas aqui. Isso sem falar na beleza da construção, que carrega o nome de Niemeyer. Mas esse é um problema antigo”, afirmou o morador.

De fato, como reforçou Manoel Ferreira, o descaso já perdura há anos. Em 2012, o Hoje em Dia esteve no município e mostrou a degradação do espaço, que não se restringe só às estruturas de concreto. Há mato e entulho por praticamente todo o entorno. Além disso, o local se transformou em ponto de venda e uso de drogas. “Diariamente há jovens fumando maconha lá dentro, sem qualquer constrangimento”, contou uma comerciante da região, que pediu para não ser identificada.

Na tentativa de evitar novos atos de vandalismo, enquanto a reforma não é iniciada, o secretário de Cultura, Turismo e Patrimônio de Diamantina, Walter Cardoso França Júnior, informou que a prefeitura avalia medidas de segurança. Segundo ele, ainda não foi definido como o espaço será utilizado após o restauro. Uma das hipóteses são eventos e atividades conjuntas com a praça de esportes, que funciona ao lado.
 

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