Promotoria tenta desconstruir argumento da defesa de Bola e diz que arma usada é letal

Alessandra Mendes e Ana Clara Otoni
07/11/2012 às 11:00.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:58
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

No retorno do julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, sobre a morte de um carcereiro ocorrida em 2000, a sessão começou as 9h30 desta quarta-feira (7). A promotoria tentou desconstruir a argumentação feita pela defesa nessa terça-feira (6), que dizia que o ex-policial não usaria uma 765 para matar, devido à experiência de Bola com armamentos.

Na alegação da promotoria a arma é sim letal e usada por assassinos. A acusação mostrou fotos de todo o processo para os jurados na tentativa de acusar Bola do crime.

Conforme o protocolo, a sessão desta quarta-feira começou com os debates, sendo 1h30 para advogados de Bola e para a promotoria. A expectativa é de que seja feito um intervalo às 11h. Depois, haverá a tréplica das partes e, em seguida, o conselho de setença deve se reunir para definir se Bola é culpado ou não. Logo na sequência, a juíza dará seu veredito.

Matador

“Matador especializado e experiente”. Assim o ex-chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Edson Moreira classificou o ex-policial civil. Durante depoimento nessa terça-feira (6), no fórum de Contagem, Moreira foi ouvido por duas horas pelos advogados de defesa.

Quando deixou o Fórum, por volta das 22h40, o delegado disse a imprensa que o réu está querendo desmoralizar as autoridades. A declaração do chefe do DHPP foi dada porque Bola afirmou que foi aluno de Moreira, em 1992, e que, desde então, era perseguido por ele. O ex-policial chorou durante seu depoimento, mas Moreira não se comoveu com as lágrimas. "Isso são lágrimas de crocodilo", classificou o delegado, que garantiu não ter dúvidas de que Bola é um criminoso.

 Entenda o crime
 
O carcereiro foi assassinado em maio de 2000. De acordo com a denúncia do Ministério Público, o crime teria ocorrido quando Bola, de dentro de um veículo, teria atirado contra o carcereiro - que estava em frente a um estabelecimento comercial onde também trabalhava. Há suspeita de que o crime tenha sido encomendado já que o acusado e a vítima não se conheciam, conforme o Ministério Público. Antes de agir, Bola teria ainda feito a observação do local onde o carcereiro trabalhava para tentar identificar a vítima. Bola foi reconhecido pela irmã do carcereiro depois de ter visto imagens do ex-policial divulgadas pela imprensa devido ao suposto envolvimento dele na morte da modelo Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes. A mulher presenciou a morte do irmão.
 
Caso Bruno
 
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola" é acusado de matar a ex-amante do goleiro Bruno a pedido do atleta. Os dois, além de Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", respondem pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver. Bola está preso no presídio de São Joaquim de Bicas, na Grande BH, desde 2010.O júri popular do processo que apura a morte de Eliza Samudio foi marcado para o dia 19 de novembro em júri popular também no Fórum de Contagem.
 
Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, na época mulher do atleta; Wemerson Marques de Souza, o "Coxinha"; Elenílson Vítor da Silva, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do jogador, respondem pelos crimes de sequestro e cárcere privado.
 
Eliza Samudio está desaparecida desde o dia 4 de junho de 2010, quando fez um último contato telefônico com uma amiga. Segundo a polícia, ela foi morta e teve seu corpo esquartejado. No entanto, os restos mortais da ex-modelo não foram localizados até hoje.
 
O julgamento de Marcos Aparecido dos Santos pela morte de Eliza Samudio está marcado para o próximo dia 19 de novembro. O advogado dele disse acreditar na isenção dos jurados para julgar o caso sem fazer relações com o outro processo ao qual Bola responde como réu. "Acredito na isenção dos jurados, cada caso tem suas provas e deve ser analisado de forma separada".

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