Prova de fogo para o ensino fundamental ampliado em Minas

Raquel Ramos - Hoje em Dia
04/04/2013 às 07:24.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:31

A primeira turma de estudantes da rede estadual a entrar no ensino fundamental aos 6 anos será submetida, este mês, à prova do Programa de Avaliação da Aprendizagem Escolar (PAEE). Ela irá verificar se a acolhida de alunos um ano mais novos melhorou a qualidade da educação básica.

O exame testará conhecimentos adquiridos em todo o ensino fundamental. A expectativa é a de que, com o aumento do ciclo para nove anos, os alunos tenham chegado mais preparados ao ensino médio.

“Será a prova de fogo. Conseguiremos avaliar o nível dos estudantes e constatar se a medida foi efetiva”, afirma Raquel Elizabete Santos, subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica da SEE.

 
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Testes aplicados em anos anteriores – como Provinha Brasil e Ideb, do governo federal, e Proalfa e Proeb, do Estado – sinalizam que o desempenho será melhor.

Em 2006, por exemplo, a nota dos estudantes no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi 4,9. Em 2009, quando a prova foi aplicada aos que entraram na escola aos 6 anos, passou a 5,8.

“Não atribuímos o salto só ao fato de as crianças estarem mais cedo na escola. Outros fatores podem ter influenciado”, diz Raquel.


Contrapontos
 
Apesar dos resultados, ainda há questionamentos sobre o modo como a medida foi implantada pela SEE em 2004.

“Minas se apressou muito em fazer essa mudança. Tenho a impressão de que o objetivo era apenas melhorar os resultados na Provinha Brasil (avaliação do MEC que mede o nível de alfabetização das crianças aos 8 anos). Nossos alunos não se saíam bem no teste porque não tinham a base do ensino infantil”, avalia Maria Auxiliadora Monteiro Oliveira, doutora em educação, da PUC Minas. Com a transição repentina, muitas escolas teriam recebido alunos de 6 anos mesmo sem ter infraestrutura, espaço físico ou professores para esse fim. “Participo de bancas de mestrado e doutorado em educação e as pesquisas mostram que houve pouco avanço nesse sentido”.

As falhas também foram observadas por Grazielle Regina Andrade, mãe de Jennifer, de 15 anos, do primeiro grupo a completar o ensino fundamental em nove anos. “Faltavam carteiras do tamanho certo e as crianças tinham que dividir o espaço com meninos maiores, que roubavam a merenda dos pequenos”, diz.

Isso, segundo ela, prejudicou a filha, que só começou a ler quando estava prestes completar 7 anos. “A intenção era boa, mas a simples decisão de acrescentar um ano de estudo não significou mais qualidade no ensino”.

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