Quatro vezes terror: na mesma madrugada, quadrilhas atacam bancos e deixam dois mortos

Mariana Durães
mduraes@hojeemdia.com.br
06/12/2017 às 06:00.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:04
 (Fred Magno/O Tempo/Estadão Conteúdo)

(Fred Magno/O Tempo/Estadão Conteúdo)

Rápidas, ousadas e bem planejadas, quadrilhas que têm tocado o terror no interior de Minas para roubar bancos organizaram, só na madrugada de ontem, quatro ataques em menos de três horas. Os alvos foram Pompéu e o distrito de Morro dos Ferros, em Oliveira (Centro-Oeste), Tapira (Alto Paranaíba) e Santa Rita de Caldas (Sul). As forças de segurança do Estado ainda investigam se há relação entre os assaltos. 

Fortemente armados, os bandidos que atacaram uma agência bancária em Pompéu, trocaram tiros com a polícia, deixando dois mortos: um militar, de 33 anos, e um jovem de 22. Lá, outro policial, de 27, se feriu e está internado em estado grave.

Durante a ação, enquanto parte do grupo se dirigia para a agência, a outra seguia em direção ao quartel da PM. O grupo espalhou dezenas de miguelitos (pregos utilizados para estourar pneus de carros) pelas ruas. 

“O disparo contra o jovem foi claramente uma tentativa de deslocar a polícia para aquela ocorrência e deixar o caminho livre para atuarem na agência”, disse o chefe da assessoria de imprensa da PM, major Flávio Santiago.

Outras ocorrências

Criminosos também aterrorizaram moradores de Tapira. Na cidade, de apenas 4 mil habitantes, parte de um bando trocou tiros com a PM enquanto os demais comparsas instalavam explosivos nos caixas eletrônicos de uma agência do banco Sicoob.

Já no Sul de Minas, moradores de Santa Rita de Caldas, que tem 9 mil moradores, contaram aos policiais que explosões foram ouvidas não apenas na cidade, mas também na zona rural. Pelo menos um homem foi visto carregando um fuzil. Em ambos os casos, a estrutura das agências ficou completamente danificada.

Também houve confronto em Morro dos Ferros, em Oliveira, onde mais um PM foi atingido com um disparo. Ele foi transferido para o Hospital Madre Tereza, em Belo Horizonte, e não corre risco de morte. 

Poder de fogo

Em todas as ocorrências, um ponto a ser destacado é o poder de fogo das quadrilhas. Professor da PUC Minas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Robson Sávio diz que há facilidade de acesso a armamentos pesados e explosivos. Para ele, isso facilita a atuação dos criminosos. “São pessoas muito bem treinadas”, resume.

O padrão nos ataques, sempre muito violentos, também é reforçado por especialistas e policiais. A preferência por cidades do interior é estratégica. “São locais com baixo efetivo policial e mais vulneráveis, o que facilita as ações de criminosos”, afirma o pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), da UFMG, Frederico Marinho.

Patrulha e fiscalização serão reforçadas nas estradas

Um grupo especial foi montado para intensificar as buscas e capturar os criminosos envolvidos nos últimos ataques. A Polícia Militar organiza novas estratégias no interior de Minas. Equipes da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) vão reforçar a patrulha, fiscalização e abordagem nas rodovias. 

Há quase dois meses, 13 instituições, incluindo as polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal, além do Ministério Público e Bombeiros, assinaram um acordo de cooperação técnica que visa combater os roubos a instituições financeiras no Estado.

O documento inclui ações de prevenção e repressão. O foco da “força-tarefa” é atuar nas cidades do interior. No entanto, detalhes das ações de inteligência e combate não são divulgadas por questões de segurança. 

Segundo o major Flávio Santiago, a população também pode ajudar pelo Disque Denúncia (181). A ligação é gratuita e o sigilo garantido. “Os moradores também podem informar e denunciar movimentações diferentes e suspeitas pelas cidades”, disse. 

Pesquisador do Crisp, Frederico Marinho reforça que o trabalho mais importante a ser desenvolvido é o de prevenção. “O trabalho de inteligência das polícias precisa ser efetivo, e em parceria entre as instituições”, ressalta.

De novo

Essa foi a segunda vez, só neste ano, que um policial morreu após confronto com uma quadrilha de assalto a banco. Há cinco meses, o pequeno município de Santa Margarida, na Zona da Mata, assistiu um grupo de assaltantes com fuzis e submetralhadoras roubar um banco, fazer reféns e ainda matar um militar.

Em 11 de julho, moradores da pacata cidade viveram uma manhã sangrenta. Quatro bandidos fortemente armados tentaram assaltar a agência do Banco do Brasil e uma cooperativa de crédito. 

Durante a ação, além do assassinato do policial, um vigilante também foi morto. O bando ainda fugiu com dois reféns, que foram liberados pouco tempo depois. Integrantes da quadrilha foram presos.

Além Disso

Dois suspeitos de participar do ataque a banco em Pompéu foram “detidos para averiguação”, segundo a polícia. “Ainda não temos a confirmação se eles participaram ou não da ação criminosa”, informou o major Flávio Santiago.

A PM destacou que um dos homens é natural de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), e tem passagem por crimes como roubo, homicídios e tráfico de drogas.

O outro é de Curvelo, na região Central de Minas, e já foi preso também por roubo e tráfico. Com a dupla, a PM apreendeu dois rádios comunicadores sintonizados na frequência da polícia.

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