Recinto para abrigar capivaras da Pampulha não está pronto e manejo pode demorar até cinco meses

Alessandra Mendes
amfranca@hojeemdia.com.br
01/02/2017 às 19:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:39

Mesmo após a retirada dos animais ter sido determinada por meio de uma[/TEXTO] decisão judicial, a situação das capivaras que vivem no entorno da Lagoa da Pampulha ainda está longe de ser resolvida. A obra do recinto que vai abrigar os roedores não está pronta, apesar de a conclusão ter sido prevista para o fim de janeiro deste ano. Após o término dos trabalhos na área, que fica perto do Parque Ecológico, ainda serão necessários até cinco meses para o manejo completo dos animais.

Uma empresa será contratada para capturar e esterilizar os animais antes da devolução para o habitat de onde foram retiradas

O processo será feito por uma empresa, que vai realizar o monitoramento e o recenseamento das capivaras, já que a prefeitura não sabe ao certo quantas vivem na orla da lagoa atualmente. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que “a Fundação Zoobotânica está finalizando o acerto para a contratação da empresa que fará, além da captura, análise clínica e esterilização dos machos e fêmeas antes da devolução ao habitat de onde foram retiradas”.

No aguardo

Em outubro do ano passado, a prefeitura foi notificada de uma decisão da Justiça Federal determinando a retirada imediata dos animais. Em dezembro, a Associação Pró-Interesses do bairro Bandeirantes (APIBB), autora do pedido junto à Justiça, encaminhou o processo ao Ministério Público Federal (MPF), comunicando a permanência dos animais na região. 

No entanto, devido ao recesso forense, encerrado em 20 de janeiro, a instituição aguarda um parecer para que o processo volte à Justiça, segundo a advogada da APIBB, Renata Vilela. Ela diz que a associação espera ter um retorno na próxima semana, e lembra que está acompanhando de perto a situação.

A advogada conta que ainda não houve diálogo entre a APIBB e a nova gestão da administração de Belo Horizonte. Ela afirma, porém, que a associação de moradores está aberta a dialogar sobre a situação e a encontrar uma solução conjunta.

“Por hora atuaremos junto ao poder Judiciário, mas, se a nova gestão quiser manter uma interlocução conosco e nos acionar para manter essa conversa, estamos à disposição para colocá-la a par de tudo o que estava acontecendo e poderemos nos reunir para dialogar e buscar uma solução conjuntamente”.

Retorno

Apesar de atuar na retirada das capivaras, a prefeitura defende que elas devam voltar para a região onde vivem atualmente até por uma questão estratégica com relação aos carrapatos. 

“O controle populacional dos roedores através da esterilização e a devolução à natureza ocasionará na formação de uma barreira sanitária natural, considerando a própria imunização dos animais. Caso sejam simplesmente retirados, há a possibilidade de explosão da população (de carrapatos) e procura de outros hospedeiros, como homens, cães e gatos”, informa a nota da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Justiça

Em outubro do ano passado, uma ordem judicial foi expedida pelo desembargador Antônio Souza Prudente, da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1), determinando a retirada dos bichos. A decisão foi proferida após um pedido feito pela associação de moradores do bairro Bandeirantes. 

A medida foi tomada cerca de um mês após a morte de um menino de 10 anos em decorrência da febre maculosa. Thales Martins Cruz teria contraído a doença após uma visita ao Parque Ecológico, onde foi picado por um carrapato infectado. No ano passado, a Secretaria de Estado de Saúde registrou 15 casos confirmados de febre maculosa em todo o Estado, sendo que quatro pessoas morreram.

A capivara é um dos hospedeiros do carrapato transmissor da febre maculosa, por isso os moradores pediram na Justiça a retirada dos animais que vivem na região. Em setembro de 2014 as capivaras chegaram a ser capturadas pela prefeitura e confinadas em um espaço dentro do Parque Ecológico da Pampulha. Entretanto, após uma ação impetrada pelo Ministério Público alegando maus tratos, os animais foram soltos e voltaram para a orla da lagoa.

Com Malú Damázio


 

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