Reconhecimento da Pampulha como Patrimônio Cultural impede verticalização

Renato Fonseca
rfonseca@hojeemdia.com.br
17/07/2016 às 09:48.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:20
 (Cristiano Machado)

(Cristiano Machado)

Arquiteto e doutor em urbanismo e patrimônio histórico, Leônidas José de Oliveira assumiu a Fundação Municipal de Cultura (FMC) em 2012. Desde que fincou os pés na FMC abraçou como meta a busca do título de patrimônio cultural da humanidade para a Pampulha. Neste domingo (17), o conjunto moderno da Pampulha recebeu a tão almejada premiação pela Unesco, durante a 40ª sessão do Comitê do Patrimônio Mundial em Istambul, na Turquia.

Nos bastidores da prefeitura, muitos servidores não medem palavras para afirmar que Leônidas “é o homem por traz da candidatura”. Segundo ele, a chancela da Unesco fortalece a legislação local evitando a verticalização da área e resguardando o complexo arquitetônico e a lagoa. 

“É um encontro do cidadão com a nossa história, nossa memória e com a ousadia da mineiridade, tantas vezes, vanguarda no país, seja, na arte, na cultura e na política”, afirma o presidente da FMC.

Oliveira faz questão de lembrar que a Pampulha também foi um projeto político de JK, que “soube juntar os grandes modernistas do seu tempo, dar luz”. Integrar a seleta lista global, acrescenta ele, servirá de exemplo para as futuras gerações. 

“Como diz Gaudí – Antoni Gaudí (1852 - 1926), arquiteto catalão – para ser original basta voltar às origens, ou seja, ao que somos e nossas vanguardas da contemporaneidade. JK o fez bem”. Leônidas Oliveira concedeu breve entrevista sobre o assunto. Confira.

A Pampulha sempre caminhou pelo “sim” da Unesco?
Desde o início, mas com maior ênfase e mais próxima após a avaliação positiva do último parecer do Icomos (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios), em maio deste ano. 

Por que ter essa chancela internacional?
Os lugares patrimônio da humanidade, como as pirâmides do Egito, a cidade de Ouro Preto ou o Parque Guell, em Barcelona, figuram em igualdade e importância para a história do planeta. Ou seja, os catálogos, livros e pesquisas terão também na Pampulha uma referencia para o mundo.

O que muda para a região?
Muda para nós participarmos desse contexto puxado pela ONU/Unesco. Fortalece o nosso sentido de pertencimento à cidade, ou seja, aumenta o apreço pela nossa memória. Muda o turismo que será potencializado com esse título, mais do que já é, uma vez que teremos a maior chancela existente no mundo com relação ao patrimônio histórico e a cultura de forma geral.

O que a população pode esperar?
Um aumento de turismo, de recursos diretos e indiretos. Com o título, isso será feito em maior instância para a cidade, para a população. A Pampulha, com sua beleza, lugar de deleite, pode e deve ser usufruída por todos.Cristiano Machado / N/A

Cronologia dos sítios do patrimônio no Brasil:

1980 – Cidade Histórica de Ouro Preto (MG)
Casarões, igrejas, pontes e chafarizes são destaque.

1982 – Centro Histórico de Olinda (PE)
Localidade tem a história ligada à produção de açúcar.

1983 – Missões Jesuíticas Guarani, Ruínas de São Miguel (RS)
No coração dos Pampas. Tem vegetação típica do sul.

1985 – Centro Histórico de Salvador (BA) 
Primeira capital do país. Dentre os destaques, as casas de cores intensas.

1985 – Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos (MG)
Construído em Congonhas. Abriga esculturas de Aleijadinho.

1986 – Parque Nacional de Iguaçu (PR)
Uma das maiores e mais impressionantes quedas d’água do mundo.

1987 – O Plano Piloto de Brasília (DF)
Marco na história do planejamento urbano.

1991 – Parque Nacional Serra da Capivara (PI)
Numerosos abrigos rochosos com pinturas rupestres.

1997 – Centro Histórico de São Luiz do Maranhão (MA) 
Expressivos edifícios históricos foram conservados.

1999 – Mata Atlântica (SP e PR)
Preserva riqueza de vestígios da vegetação.

1999 – Costa do Descobrimento e Mata Atlântica (BA/ES) 
Oito áreas protegidas, que somam 112 mil hectares.

1999 – Centro Histórico da Cidade de Diamantina (MG) 
Cidade colonial de montanhas rochosas inóspitas.

2000 – Áreas da Amazônia Central (Região Norte)
Região rica em termos de biodiversidade.

2000 – Áreas Protegidas do Pantanal (MT/MS) 
Abundância e diversidade de vegetação e vida animal.

2001 – Chapada dos Veadeiros e Parque das Emas (GO)
Abrigam vários exemplares da fauna e da flora.

2001 – Fernando de Noronha e Atol das Rocas (RN)
Várias riquezas aquáticas.

2001 – Centro Histórico da Cidade de Goiás (GO)
Traçado urbano é exemplo de desenvolvimento orgânico.

2010 – Praça de São Francisco (SE)
Quadrilátero a céu aberto, cercado por construções antigas.

2012 – Paisagens cariocas entre a montanha e o mar (RJ)
Cenário urbano com vários elementos naturais.

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