(Lucas Prates/Hoje em Dia)
Abboud Dabbas, um refugiado sírio que vive em Belo Horizonte há pouco mais de três anos, e Malek Kattura, que está aqui há três meses, tentam reconstruir a vida longe da família e da guerra. Enfrentando dificuldades que a língua portuguesa impõe, e trabalhando fora da área de formação, eles vão receber uma bolsa de estudos de 90% para voltarem a estudar. Eles irão cursar gestão financeira nas Faculdades Promove.
“Acho que vai ser difícil voltar a estudar porque estou há cinco anos longe da sala de aula, e será um sistema novo, com uma língua nova. Mas tenho a esperança de que será bom, para poder voltar a trabalhar no que gosto”, diz Abboud, que tem 27 anos e precisou largar o curso de economia por causa da guerra.
O padre George Massis, que também é da Síria e acompanha 137 refugiados na capital mineira, espera que os dois sejam um incentivo para que outros sírios voltem a estudar. Para custear o resto da mensalidade, eles afirmam que vão continuar trabalhando em lanchonetes de cozinha árabe durante o dia, já que o curso é no turno da noite.
Estrutura
Para romper a barreira do idioma, e conseguirem acompanhar melhor as aulas, eles farão um curso de nivelamento oferecido pelo Núcleo de Orientação Pedagógica da própria faculdade. Um pouco menos acostumado com a língua, Malek, de 33 anos, que se formou em economia, comemorou a oportunidade de aprimorar a fala e escrita. “Trabalhei por nove anos em seguradoras, mas desde que cheguei no Brasil não consegui emprego porque ainda não falo tão bem português”, conta.
Os estudos já começam esta semana e, para oferecer o apoio necessário, a coordenadora dos cursos de administração e gestão Andrea Arnaut garantiu que eles terão professores tutores.
Troca
Com o valor da bolsa de estudos acertado, foi proposto aos novos alunos que eles também ajudem alunos e professores da faculdade. Os detalhes ainda precisam ser acertados, mas a dupla irá participar de um Curso de Extensão aos sábados, para ensinar árabe.
A sugestão foi do diretor administrativo do Promove, Paulo Linhares, que está feliz com a chegada dos novos estudantes. Abboud e Malek também gostaram da ideia. “As Faculdades Promove realizam diversos trabalhos sociais no dia a dia. Conhecer o padre George e os refugiados nos deu mais uma oportunidade de realizar trabalhos humanitários. Parabenizamos o padre pela dedicação à causa”, finalizou.