Retirada de cabos de semáforos de BH está concentrada em cinco avenidas

Bruno Inácio
binacio@hojeemdia.com.br
18/06/2018 às 20:41.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:49
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Nada menos que 58% dos furtos de cabos de cobre utilizados nos semáforos da capital estão concentrados em apenas cinco importantes vias. Juntas, as avenidas Antônio Carlos, Cristiano Machado, Contorno, Bernardo Vasconcelos e Augusto de Lima foram alvo de 153 dos 261 crimes registrados de janeiro a maio de 2018.

Os delitos ocorrem de madrugada e, muitas vezes, alheios à presença das câmeras de monitoramento. Só nos quatro primeiros meses deste ano, 60 mil metros de cabos foram levados. O número equivale à distância entre Belo Horizonte e Itabirito, na região Central. As ocorrências prejudicam o tráfego, favorecem o risco de acidentes e causam prejuízos aos cofres públicos.

Até o momento, o gasto com reparo é de R$ 245 mil. “É um prejuízo grande não só financeiro, mas também na questão de trânsito. Quando o semáforo fica fora do ar, a cidade fica mais perigosa”, afirma o gerente de Semáforos e Programação da BHTrans Antônio Celso. 

Ontem foram sete furtos na metrópole. Uma equipe da BHTrans esteve novamente no cruzamento da Bernardo Vasconcelos com a rua Clara Nunes, no bairro Renascença, na região Nordeste. A fiação do quarteirão, que na semana passada já tinha sido levada três vezes, só voltou a funcionar por volta das 16h. 

Quem mora ou trabalha por lá acredita que o trabalho tem sido resumido em “enxugar gelo”. “Normalmente, a prefeitura vem aqui, coloca os fios num dia e, no outro, eles (ladrões) retiram de novo. A polícia até prende, mas eles sempre voltam”, disse o instrutor de autoescola Emílio Moreira, de 56.

Dificuldades

Os autores dos furtos, em sua maioria, são usuários de drogas ou moradores de rua que revendem o material, segundo a Polícia Militar. A corporação afirma que a dificuldade em combater esse crime está em encontrar os receptadores. “Via de regra, esse infrator leva o cobre para um ferro-velho ou para um lugar que aceita os fios. E o nosso trabalho está sendo para encontrá-los. A população pode nos ajudar denunciando”, afirmou o sargento Rogério Nascimento, do 34º Batalhão, responsável pelo policiamento de parte da Antônio Carlos, onde mais ocorrem furtos na cidade.

Segundo o Major Flávio Santiago, chefe da sala de imprensa da PM, a situação tem sido tratada em reuniões constantes com integrantes das redes de proteção de vizinhos. “Houve aumento do patrulhamento nos locais onde a prática do delito mostrou-se mais frequente. Os operadores que fazem monitoramento de câmeras do sistema Olho Vivo comunicam imediatamente à equipe de rádio, o que permite uma resposta rápida das guarnições”, diz. Em nota, a Polícia Civil informou que as delegacias das áreas investigam os furtos e para onde os materiais são levados com o objetivo de coibir a prática.

O problema também era recorrente na fiação elétrica dos postes. Porém, os furtos foram reduzidos, segundo a Cemig, com a mudança dos cabos de cobre para alumínio, material que normalmente os criminosos não se interessam pelo baixo valor. A solução, por enquanto, é inviável para o sistema de semáforos. “Os especialistas não encontraram tecnologia suficiente para mudar os cabos da nossa rede”, acrescentou o gerente da BHTrans.

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