Risco de crise hídrica diminui, mas cresce temor de alagamentos e desabamentos

Aline Louise e Letícia Alves - Hoje em Dia
19/01/2016 às 07:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:04
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Já choveu em Minas 74,5% do esperado para janeiro, cuja média histórica é de 296,6 milímetros. O grande volume de precipitação, sobretudo dos últimos cinco dias, foi um refresco para o Estado, que viveu 2015 inteiro sob o fantasma da crise hídrica. Se a intensidade de água chegou em boa hora e ajuda reservatórios e rios a recuperarem o volume, por outro lado, traz de volta velhos problemas: alagamentos e deslizamentos de terra.

O último domingo foi o dia mais chuvoso do mês: 102,1 milímetros. “Há cerca de três anos não acontecia em Belo Horizonte e em Minas uma sequência de dias chuvosos”, diz o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Luiz Ladeia.

De sábado até nessa segunda (18), a Defesa Civil de BH recebeu 323 pedidos de atendimentos referentes a alagamentos, desabamentos, erosões, deslizamentos de encostas, trincas e rachaduras em residências. A regional Leste teve o maior número de problemas, com 74 chamados, seguida da Centro-Sul (64) e Nordeste (58).

Nas vilas e favelas, cerca de 2.100 imóveis estão em risco geológico alto, segundo a diretora de manutenção de risco da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), Izabel Queiroz Volpone. Uma das áreas que mais preocupam é a rua Sustenido, no bairro São Lucas. A prefeitura emitiu alerta pedindo que os moradores, especialmente os já notificados, deixem as residências.

“Há indicativo de que um rastejo esteja acontecendo, que é um tipo de movimentação de terreno, um grande escorregamento que pode gerar danos significativos. Trata-se de uma encosta ocupada com grande número de pessoas que vivem naquela região”, explica Izabel.

Da tarde de domingo até a manhã dessa segunda (18), o Corpo de Bombeiros atendeu 16 ocorrências em BH e região metropolitana relacionadas a corte de árvores caídas em vias públicas e vistorias nas que estão em risco de queda. Porém, não houve vítimas ou maiores danos.

MORTE

Na tarde dessa segunda (18), um operário de 56 anos morreu após o teto de uma igreja em construção desabar em Sabará. O acidente, conforme o Corpo de Bombeiros, foi na rua A, no bairro Mangabeiras.

De acordo com a corporação, três homens trabalhavam na construção do templo quando a estrutura caiu. Dois operários que estavam em cima da laje não se feriram com gravidade. Contudo, o homem que estava debaixo da estrutura ficou soterrado e morreu no local. As causas da tragédia serão investigadas pela Polícia Civil.

Sabará foi primeira cidade mineira a decretar, em 2016, situação de emergência em decorrência da chuva. No bairro Castanheira, moradores começaram a ser retirados de suas casas ainda no domingo devido à instabilidade do terreno. Quem não pode ir para casa de parentes ou amigos foi alojado na Escola Juscelino Kubitschek.

Grande volume em poucos dias aumenta nível de reservatórios em Minas
 

ALENTO – Em estado crítico no mês passado, o rio das Velhas aumentou de volume com a grande quantidade de chuva dos últimos dias

O sistema Paraopeba, um dos que abastece a Região Metropolitana de Belo Horizonte, registrou o maior volume de água dos últimos 30 dias, atingindo nessa segunda (18) 30% da capacidade de armazenamento. Desde 19 de dezembro, estava oscilando na faixa dos 20%, e o ápice foi de 22,6% no mês passado.

Segundo a Copasa, a chuva contribuiu para o acréscimo de 6,1% do armazenamento do sistema em apenas quatro dias (de 15 a 18 de janeiro). O volume foi suficiente para aumentar a vazão do rio das Velhas em mais de 12 vezes, passando para 278,9 metros cúbicos entre os dias 14 e 17.

O reservatório rio Manso, um dos três que formam o sistema Paraopeba, teve a maior elevação do volume de água, chegando a 39,5% da capacidade. O Vargem das Flores alcançou 35,1%, aumentando 5,8% em apenas três dias.

O menor volume de água permanece no reservatório Serra Azul, que no sábado (16), chegou a 8,2% da capacidade e nessa segunda (18) atingiu 11,7%, o maior dos últimos 30 dias.

Precipitação

A intensificação da chuva em Minas foi ocasionada por um corredor de umidade proveniente da Amazônia, segundo a meteorologista do Centro de Climatologia Puc Minas Tempo Clima, Natália Cantuária.

O maior volume de precipitação foi registrado na capital na sexta-feira, quando choveu quase um terço do previsto para o mês de janeiro. Foram 98,8milímetros, e a média histórica do período é de 296,3.

No entanto, o reforço nos reservatórios não deverá durar muito tempo. A previsão é a de que a chuva se torne mais esparsa a partir de quinta-feira, variando de 10 a 20 milímetros, por dia, em BH. Até nesta quarta (20), as precipitações podem chegar a 60 milímetros.

Segundo Natália, fenômenos meteorológicos, como o El Niño, vão influenciar na redução da chuva nos próximos meses. Por isso, é preciso continuar economizando água. “Apesar dos níveis terem subido, não atingiram o suficiente para do estado de alerta”, afirmou.

A Copasa informou que não há risco de desabastecimento na região metropolitana. Em nota, afirmou que a captação de 5 mil litros de água por segundo no rio Paraopeba garante, por pelo menos mais 20 anos, a segurança no abastecimento da população, considerando os níveis de consumo históricos.

Em Caeté, a rua Coronel Júlio Mota, no bairro Bom Sucesso, cedeu e a terra deslizou sobre uma residência, no domingo. Os moradores foram orientados a sair de suas casas.

Confira galeria de imagens da situaçaõ em Sabará


 

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