Risco de desabamento em muro da BR-356 ameaça 22 famílias e provoca transtornos a motoristas de BH

Ana Júlia Goulart
agoulart@hojeemdia.com.br
14/03/2018 às 21:22.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:52
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Drama para 22 famílias carentes, transtorno para milhares de motoristas. O abatimento de pista em um trecho da BR-356 pode provocar o desabamento de um muro de contenção sobre moradias da Vila São Bento, próximo ao aglomerado Morro do Papagaio, região Centro-Sul da capital. As pessoas foram notificadas ontem a deixar suas casas. A maioria diz que não tem para onde ir. 

O problema também afeta a rodovia, que dá acesso ao bairro Belvedere e à saída para o Rio de Janeiro, pela BR-040. Duas faixas da via estão fechadas. O trânsito ficou bastante lento na região. A BHTrans orienta os motoristas a optar por rotas alternativas. Para quem está na Savassi e vai para o BH Shopping, por exemplo, é possível seguir pela rua Rio Verde, no Sion, e seguir pela avenida Uruguai, rumo à rua Patagônia. Lá, é possível acessar a BR-356.

SAÍDA IMEDIATA
A notificação para a saída imediata dos moradores foi feita pela Defesa Civil. Equipes técnicas da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) também estiveram no local. As pessoas foram orientadas a aderir ao programa Bolsa Moradia – com repasse de R$ 500 por mês– ou buscar abrigo na residência de parentes. A Urbel não informou se alguma família saiu do local.

Para quem mora na vila, o sentimento é de desespero. “Para onde eu vou com esse tanto de filho?”, lamentou a dona de casa Andreia Pereira, de 35 anos, mãe de seis crianças. A técnica de enfermagem Tatiane Gomes da Silva, de 31, e a cabeleireira Lucineia Santos de Almeida, de 36, também estão com medo. Elas residem bem ao lado do muro.

“A Defesa Civil esteve aqui falando que precisaríamos sair imediatamente, mas não tenho para onde ir”, alegou Tatiane. “Estamos com receio. O aviso trouxe muita insegurança”, acrescentou Lucineia, que mora na região há oito anos. 

AVALIAÇÃO
O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG) participou da avaliação do local ao lado da Defesa Civil. Os técnicos garantiram que há necessidade de intervenção, principalmente no muro, que já apresentou uma movimentação. 

Segundo a professora do Departamento de Engenharia de Trânsito e Geotecnia da UFMG, Edineia de Mendonça, as intensas chuvas das últimas semanas podem ter contribuído para o afundamento da pista e para os danos no muro. “A água encharca o solo e torna toda a área mais pesada. Se algo não estiver de acordo, haverá o peso e, consequentemente, o abatimento da região”. 

Conforme Edineia de Mendonça, a estrutura construída para esse tipo de contenção, chamada cortina atirantada, é segura, mas necessita de manutenção. “O solo nos dá sinais em caso de problemas, mas eles só serão vistos em avaliações técnicas”, afirmou a professora da UFMG. Ela ainda reforçou que as obras de reparo na estrutura demandarão uma nova avaliação.

Responsável pelo trecho, o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagens de Minas Gerais (DEER-MG) informou que técnicos estiveram no local para fazer uma vistoria. Estudos serão feitos para avaliar o terreno e definir as intervenções necessárias.

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