Rivalidade entre PMs e guardas municipais é um risco para a segurança pública

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
17/01/2015 às 07:32.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:41
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

O incidente envolvendo policiais militares e guardas municipais expôs a rivalidade entre as duas corporações responsáveis pela segurança pública em Belo Horizonte. O motivo, apontam especialistas, seria o excesso de corporativismo em detrimento do interesse público.   Para o coordenador do Centro de Pesquisa de Segurança Pública da PUC Minas (Cepesp), Luís Flávio Sapori, o caso, segundo ele, lamentável, sinaliza para um cenário preocupante, de potencial conflito entre Polícia Militar e Guarda Municipal.    “Essa rivalidade começa a adquirir corpo em Belo Horizonte e, aos poucos, vem mostrando que os interesses são distintos. É preciso resgatar a metodologia de um planejamento operacional integrado e estimular um trabalho em conjunto”, afirma.   Já o ex-delegado Islande Batista, que já esteve à frente do Departamento de Investigações de Crimes Contra o Patrimônio, aposta na consonância de funções, que devem ser revistas e definidas pelo poder público. “Hoje, a Guarda exerce uma função quase que de auxílio à polícia. É preciso delimitar melhor as competências para que o trabalho integrado funcione de fato”, diz.   Na noite da última quinta-feira (15), a guarda Lilian Emiliano de Oliveira, de 28 anos, foi atingida no rosto por uma bala de borracha, disparada por um PM. Segundo testemunhas, o conflito começou depois que a servidora abordou um homem suspeito de transportar passageiros clandestinamente, um militar reformado, em frente à rodoviária. Com a chegada da polícia e após um desentendimento entre servidores das duas corporações, houve o disparo.      Investigação   A Polícia Civil instaurou dois inquéritos, um para apurar a conduta do policial militar reformado e outro em relação ao cabo que efetuou o disparo.    Lilian Emiliano continuava internada nesta sexta-feira (16) no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS), na capital, onde passou por uma cirurgia no maxilar. O estado de saúde dela era considerado estável.     Caso isolado  

Guardas municipais durante protesto em frente à Prefeitura de Belo Horizonte; eles reivindicam o direito de utilizar arma de fogo no exercício da função. Foto: Samuel Costa / Hoje em Dia

 

O chefe da sala de imprensa da PM, major Gilmar Luciano dos Santos, garantiu que o acontecimento em nada ameaça a qualidade da segurança pública na capital e ressaltou que atitudes que violem o sistema ou a doutrina da corporação não serão toleradas. “O militar trabalha sob ordem, nos termos do Código Civil Militar. Qualquer conduta isolada será punida”.  A assessoria de imprensa da Guarda Municipal classificou o fato ocorrido como um episódio pontual, informou que a situação está sendo devidamente apurada pelas corregedorias das instituições envolvidas, e pela Polícia Civil, e que o episódio em nada sugere uma crise institucional.   Durante parte da manhã de sexta-feira, agentes da Guarda, que suspenderam as atividades por 24 horas, participaram de uma manifestação no Centro. Eles agendaram uma assembleia para a próxima quarta-feira, às 9h, com o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), para deliberar se entrarão em greve.

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