Só 45% dos fumantes em tratamento na capital largam o vício

Bruno Moreno(*)
bmoreno@hojeemdia.com.br[
31/05/2017 às 20:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 15:37
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

O estudo aponta que o tabagismo foi responsável por 156.216 mortes no Brasil em 2015, o que representa 12,6% de todos os óbitos de pessoas com mais de 35 anos

Menos da metade dos fumantes que buscam ajuda na rede municipal de saúde de Belo Horizonte para largar o vício têm sucesso. Em 2016, 4.534 pessoas foram atendidas nos 121 centros de saúde que oferecem o serviço na capital, mas somente 45% delas conseguiram abandonar a nicotina.

Para o médico referência no Programa de Controle de Tabagismo e Tuberculose da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), Pedro Daibert de Navarro, a taxa de sucesso em BH é considerada boa, levando em consideração a dificuldade que é deixar o fumo. “Cerca de 80% dos fumantes querem largar o cigarro, mas só 3% conseguem sem ajuda”, explica.

De acordo com a Pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2016, no Brasil, nos últimos dez anos, a quantidade de fumantes foi reduzida em 35%, caindo de 15,7% da população adulta em 2006 para 10,2%, em 2016. Os números foram divulgados ontem, quando foi celebrado o Dia Mundial sem Tabaco.

Contra-ataque

A queda no consumo de cigarro no Brasil se intensificou a partir de 2011, quando os impostos foram reajustados. Como consequência imediata, o preço do cigarro aumentou. 

“Podemos avançar mais ainda, pois o cigarro brasileiro continua muito barato quando comparado a outros países. Mas, antes disso, precisamos eliminar o contrabando, que tende a neutralizar o efeito dessa medida”, afirma Tânia Cavalcante, secretária-executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq).

Estragos

Porém, mesmo com a queda, o prejuízo ao país ainda é imenso. Conforme estudo do Ministério da Saúde e o do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), o consumo de cigarros e outros derivados causa um prejuízo de R$ 56,9 bilhões ao país a cada ano.

Desse valor, R$ 39,4 bilhões são relativos a custos médicos diretos. Outros R$ 17,5 bilhões são de gastos indiretos, em função da perda de produtividade provocadas por morte prematura ou por incapacitação de trabalhadores.

Por outro lado, a arrecadação total de impostos pela União e estados, com a venda de cigarros em 2015, foi de R$ 12,9 bilhões. Com isso, o saldo negativo do tabagismo para o país chega a R$ 44 bilhões.

Enfermidades

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (Dpoc), segundo o levantamento, é a enfermidade que mais consumiu recursos públicos: R$ 16 bilhões. 

Em seguida, aparecem as doenças cardíacas (R$10,3 bilhões), tabagismo passivo e outras causas (R$ 4,5 bilhões), cânceres diversos (R$ 4 bilhões), câncer de pulmão (R$ 2,3 bilhões), acidente vascular cerebral (AVC)(R$ 2,2 bilhões) e pneumonia (R$146 milhões).

(*) Com Agência Saúde

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