Samarco é multada pelo Ibama em R$ 1 milhão por omitir depósito de lama

Folhapress
23/08/2016 às 20:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:31
 (Eugênio Moraes/ Hoje em Dia)

(Eugênio Moraes/ Hoje em Dia)

O Ibama multou em R$ 1 milhão a mineradora Samarco, responsável pelo rompimento de uma barragem de rejeitos em Mariana (MG), em novembro do ano passado, por omitir em documento oficial a existência de um depósito temporário de lama em Barra Longa, a 70 km do local da tragédia. 

Segundo o órgão ambiental, a empresa afirmou, em resposta a ofício, que não usa qualquer área na cidade como depósito temporário de rejeitos removidos dos pontos atingidos. 

No entanto, a Samarco utiliza, desde o ano passado, o terreno de um parque de exposições em Barra Longa para depositar 35 mil m³ de rejeitos. O local é de fácil acesso e visível a quem acessa a cidade. 

"Esses rejeitos estão colocado em local indevido, próximo ao rio, e podem ser carreados [levados para a água] durante o período chuvoso", afirma Marcelo Belisário, superintendente do Ibama em Minas Gerais. 

Em 5 de novembro de 2015, 32,4 milhões de m³ de rejeitos vazaram da barragem do Fundão, em Mariana, destruindo o subdistrito de Bento Rodrigues. O material atingiu os rios Gualaxo do Norte, do Carmo (que corta o município de Barra Longa) e Doce. A lama deixou um rastro de destruição até o litoral do Espírito Santo. 

Em Barra Longa, cidade de 5.799 habitantes, o perímetro urbano foi atingido pela onda de rejeitos de minério. Seis meses após a tragédia, o município ainda sofria com o material seco nas ruas e no fundo das casas. Segundo a Secretaria de Saúde da cidade, a poeira fez aumentar os registros de casos de doenças respiratórias, de pele e diarreia. 

Moradores também criticam o uso do parque de exposições como depósito. "O parque é colado na casa de algumas pessoas, e a poeira da lama seca pode causar doenças. Criamos até um slogan: 'A Samarco está levando a lama para onde não houve tragédia'", disse à Folha de S.Paulo, em abril, Sérgio Papagaio, integrante da comissão de moradores atingidos pelo rompimento da barragem. 

A Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, afirmou, em nota, que recebeu o auto de infração, lavrado no último sábado (20), e que "analisa as medidas que serão adotadas". "A empresa ressalta que mantém diálogo frequente com o órgão a respeito das ações que vem sendo tomadas", diz a mineradora.

Outro lado

A Samarco, afirmou, por meio de nota, que a utilização do parque de exposições da Barra Longa para a deposição de material foi uma solução temporária até que uma área apropriada fosse localizada. Segundo informações da empresa, o uso do local foi autorizado pela Prefeitura de Barra Longa e era de conhecimento dos órgãos ambientais.

Ainda de acordo com eles, um novo local já foi encontrado e, mediante autorização dos órgãos ambientais competentes, começou a ser utilizada. A Samarco afirmou, ainda, realizar um controle para que o local gere o mínimo de impacto possível para a comunidade e para o meio ambiente, o que inclui umectação das vias do entorno e plantio sobre a pilha para reduzir o risco de carreamento de sedimentos.

"Também já foi concluído um projeto inicial para construção de uma nova infraestrutura no parque de exposições com reconstrução do campo de futebol e demais estruturas (rede de esgoto e drenagem). O projeto, que será apresentado aos órgãos ambientais, é de conhecimento da comunidade e da Prefeitura Municipal, que foram ouvidas durante o processo de desenvolvimento do mesmo", diz a nota.

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