Sem aval da Arquidiocese, reforma da Igrejinha da Pampulha pode ser cancelada

Alessandra Mendes
amfranca@hojeemdia.com.br
12/10/2016 às 19:28.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:12
 (Cristiano Machado)

(Cristiano Machado)

Esperada há pelo menos três anos, a restauração da Igrejinha da Pampulha corre o risco de não sair do papel. Desta vez, o problema não é falta de recursos, já que o montante liberado pelo governo federal para a obra, R$ 1,4 milhão, já está garantido. O entrave está na data para início das intervenções. Dona do espaço, a Arquidiocese de Belo Horizonte ainda não bateu o martelo. Caso não haja definição até o mês que vem, o dinheiro terá que ser devolvido, e a reforma na Capela São Francisco de Assis, cancelada.

Elaborado pela Prefeitura de BH, o projeto executivo da obra já está pronto e o começo dos reparos está marcado para dezembro. A restauração já foi adiada duas vezes por causa de celebrações e matrimônios já agendados para a Igrejinha. Por este mesmo motivo, as intervenções podem terminar não acontecendo novamente.

“Nosso convênio junto ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) Cidades Históricas não pode ser mais adiado porque já foram feitos todos os adiamentos possíveis. Ou usamos esse recurso agora, ou temos que devolver para o governo federal. E, nesse momento, desconheço outra fonte de recurso que possa ser buscada para custear as intervenções”, afirma o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira.

De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a empresa que fará a obra na capela já foi contratada, sendo a Prefeitura de BH responsável pela execução do projeto e andamento das intervenções

Como trata-se de um imóvel particular, cabe ao dono definir se fará ou não as intervenções dentro desses termos, que incluem custo zero. Apesar do risco de ter que conviver por mais alguns anos com os problemas já existentes, como infiltrações e rachaduras, a Arquidiocese de BH ainda não tem uma posição definitiva do que vai acontecer.

Silêncio
A entidade religiosa foi questionada exaustivamente sobre essas questões, mas se limitou a responder o que já havia dito anteriormente, que ainda estuda o que vai ser feito. A sinalização, no entanto, é pela manutenção dos casamentos que já estão marcados na Igrejinha pelo menos até novembro de 2017.

A Arquidiocese alega que foi comunicada do cronograma da reforma apenas em setembro deste ano, antes disso tratava-se apenas de uma expectativa. “Agora, com a oficialização da restauração, a Arquidiocese formará uma equipe técnica, com diferentes especialistas das suas instituições, para trabalhar de forma a respeitar as legalidades do processo de restauração, mas na direção de conciliá-lo com a celebração dos matrimônios”, diz a nota divulgada pela entidade.

A possibilidade de manter a obra sem cancelar os casamentos já marcados parece, a princípio, um grande desafio já que o trabalho dentro e fora da capela exige a instalação de andaimes e passa pela correção de problemas estruturais como a junta de dilatação.

“Não estou sabendo dessa possibilidade, mas isso teria que ser analisado pelo engenheiro responsável. O que posso dizer é que ficar sem a obra é um prejuízo para todos porque trata-se de um bem privado, mas também de um imóvel tombado e parte de um conjunto que é patrimônio da humanidade”, ressalta Leônidas.

Casamentos estão mantidos e novas marcações são avaliadas

Apesar de ainda não ter uma definição sobre como e quando será a reforma na Igrejinha, a Arquidiocese praticamente descartou a possibilidade de cancelamento ou transferência dos casamentos já agendados. Mais do que tranquilizar os casais com relação à realização do matrimônio na capela, a entidade ainda trabalha com a possibilidade de “encaixar” mais celebrações até novembro do ano que vem.

A reportagem do Hoje em Dia entrou em contato com a secretaria da paróquia e, segundo uma funcionária do setor responsável por agendar as cerimônias, há matrimônios marcados até 4 de novembro de 2017. Nesse dia – um sábado – cinco casamentos estão previstos. Ela foi categórica ao afirmar que “nenhum será cancelado”.

A necessidade de reparos emergenciais em um dos principais cartões-postais da capital se arrasta desde meados de 2013; infiltrações, mofo, manchas e até painéis danificados saltam aos olhos de quem visita o espaço

Apesar de remota, a funcionária não descartou a possibilidade de marcar novos casamentos ao longo do ano que vem. Perguntada se seria possível agendar para 2018, a mulher disse que não, pois naquele ano deveria, de fato, começar as obras de restauro.

Esta informação, de obras apenas em 2018, também foi repassada aos casais que já estão agendados para matrimônios no local. De acordo com algumas noivas ouvidas pela reportagem, que preferiram não se identificar, foi inclusive dito durante a missa do último fim de semana que estuda-se a possibilidade de serem feitas intervenções pequenas até novembro de 2017 e a parte da obra mais pesada só começar depois desta data.

A Arquidiocese de Belo Horizonte não confirma estas informações. A entidade religiosa se limita a dizer que o assunto ainda está sendo discutido e não há nenhuma decisão tomada sobre o assunto no momento.

Na semana passada, algumas noivas, alertadas pela possibilidade de cancelamento dos casamentos, foram até a sede da Arquidiocese esclarecer o assunto. Uma das noivas foi avisada, após um contato com a prefeitura, que a obra já estava programada para ser iniciada no fim do ano. Depois de uma conversa com representantes da igreja, as noivas preferiram não dar mais declarações sobre a situação.

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