Sem poda adequada, árvores cobrem semáforos e placas de trânsito em BH

Danilo Viegas
dviegas@hojeemdia.com.br
25/04/2016 às 18:32.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:06
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

No cruzamento da rua Gonçalves Dias com a avenida Bias Fortes, no bairro Funcionários, região Centro-Sul da capital, os galhos das árvores tampam o semáforo. A visão dos motoristas fica comprometida. “É perigoso. Uma pessoa mais desatenta pode acabar avançando o sinal vermelho. A poda precisa ser feita logo”, critica o serralheiro Nilson Fonseca, de 46 anos, que anda de moto.

“A sorte é que essa pista é bastante movimentada. Ou seja, as retenções são inevitáveis. Talvez o risco seja em feriados ou à noite, quando o tráfego é menor”, diz o taxista Manoel Fernandes, de 51 anos. Relatos como esses são comuns em vários corredores de BH. Por falta de poda, as árvores tapam a sinalização, gerando insegurança no trânsito.

Outro exemplo está na avenida Silviano Brandão, esquina com a rua Caldeira, no bairro Sagrada Família, na região Leste, onde a atenção precisa ser redobrada. O tronco de uma árvore e alguns galhos prejudicam a visão dos condutores. “A pessoa só percebe o semáforo quando está bem próxima dele. Alguém pode dar uma freada brusca e causar acidente”, aponta o motorista particular José Gomes de Oliveira, de 65 anos.

Competência

De acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, quem faz podas e cortes nas árvores são as administrações regionais, por meio das Gerências de Jardins e Áreas Verdes. A Cemig também, caso haja contato de galhos com a rede elétrica.

A Regional Centro-Sul, por sua vez, informou que o monitoramento e a “poda semafórica” na rua Gonçalves Dias é de responsabilidade da BHTrans. Por meio de nota, a Regional Leste afirmou que será feita “a poda de desobstrução do semáforo na avenida Silviano Brandão, esquina com rua Caldeira, nos próximos dias”. 

Também por meio de nota, a BHTrans explicou que apenas em caráter extraordinário uma equipe da autarquia faz o corte de galhos que cobrem a sinalização. O trabalho é realizado somente quando o corte não mutila a árvore. 

No caso de galhos maiores, que exigem poda, é necessário que um engenheiro florestal vá até o local, faça um relatório sobre a necessidade e a dimensão da intervenção na árvore, para que o serviço seja autorizado pelas secretarias regionais.

Em agosto de 2015 houve uma reunião entre o vice-prefeito, Délio Malheiros, técnicos da gerência de gestão ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e representantes da Google para definir regras de monitoramento da arborização em Belo Horizonte. A parceria, no entanto, nunca saiu do papel.

Falta de planejamento

Para o especialista em trânsito Osias Baptista, no planejamento viário de BH, a prefeitura não leva em consideração o monitoramento das árvores. “O ideal é fazer um trabalho integrado, visando sempre a segurança de pedestres e motoristas. Há situações em que a poda constante é essencial”, diz.

Ele também aponta a necessidade da correta avaliação do tipo de árvore plantada em determinados pontos da cidade. “Em canteiros centrais, fazem um paisagismo com árvores que em dois ou três anos irão tampar a sinalização”, critica.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente ressalta que é observada a distância mínima entre as árvores a sinalização de trânsito, tendo como base, por exemplo, as características da via, a localização e o tipo de sinalização.

Para que haja compatibilidade com o meio urbano, algumas espécies de árvores são mais recomendadas. “O resedá, por exemplo, tem raiz superficial, que não destrói a calçada. Seu porte pequeno mantém a copa longe da fiação, evitando podas excessivas”, diz Elka Almeida, professora de paisagismo e floricultura da UFMG.

De acordo com ela, os problemas encontrados na capital são reflexos da falta de poda adequada ao longo dos anos. O ideal, aponta a especialista, é que houvesse o manejo antes de a árvore crescer. Assim, seria possível direcionar a evolução dos galhos. “A árvore precisa ser conduzida para um crescimento vertical, com os galhos direcionados para onde não prejudiquem a visibilidade do trânsito”.

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