Sem verba, Samarco vai fechar escola filantrópica

Igor Patrick
ipsilva@hojeemdia.com.br
27/09/2016 às 17:36.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:00
 (Divulgação)

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O rompimento da barragem de Fundão em Mariana, em novembro de 2015, vai trazer mais uma consequência para funcionários da Samarco e moradores de Antônio Pereira, distrito de Ouro Preto próximo às minas da empresa. Resultado de um convênio entre a empresa e o Colégio Arquidiocesano em vigor desde 1998, a unidade Cônego Paulo Dilascio, na Vila Samarco, vai fechar.

A instituição filantrópica atende filhos de funcionários da mineradora e da comunidade carente no entorno com idades entre 2 e 14 anos. Dos 260 alunos, 60 recebem bolsa integral custeada pela Samarco, que cobre a mensalidade de R$ 667, alimentação, uniformes, livros e transporte. Outros 185 ganham descontos entre 20 a 80%. Com dificuldades financeiras, a empresa alega que não conseguirá honrar o contrato que previa a parceria até 2018. Quarenta e dois professores e 37 funcionários perderão os empregos.

Laís Ferreira Duarte, de 7 anos, estuda na escola desde 2015, por meio de bolsa, e já sente as consequências do encerramento das atividades na unidade. “Desde que anunciaram o fechamento da escola, minha filha está doente e o médico diz que é psicológico. Vai ser complicado arrumar outro lugar para ela estudar no início de 2017”, afirma Neidemar Ferreira Dutra, mãe da garota.

A unidade educacional também recebe alunos com deficiência. Foi lá, de acordo com a psicóloga Marly Gomes de Santana, que Miguel, de 6 anos, diagnosticado com transtorno do espectro autista, conseguiu se desenvolver. “Meu filho está praticamente alfabetizado, o que pensei que ia demorar para acontecer. O trabalho da escola é tão efetivo que uma criança já consegue acompanhar o ritmo da turma sem ajuda de monitor”.

Manifestação

Na última segunda-feira, pais de alunos fecharam por duas horas a MG-129, impedindo o acesso às minas da Samarco. Segundo uma funcionária da escola que pediu o anonimato, o protesto quis conscientizar a população sobre a importância da instituição.

À Fundação Renova, criada pela mineradora para atender as vítimas de Fundão, os pais enviaram uma carta pedindo a continuidade do convênio. Eles também encaminharam ofício ao Ministério Público de Mariana. Os promotores não foram localizados para comentar o assunto.

Em nota, a Samarco informou que mantém diálogo com a Arquidiocese de Mariana e as instituições de educação. Porém, “o convênio relativo ao repasse de recurso será encerrado ao término do ano letivo de 2016”.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de Ouro Preto, que enviou uma nota. De acordo com a assessoria de imprensa do município, a distância entre a Vila Samarco e a nova escola em Antônio Pereira é pequena e que transporte aos novos alunos será providenciado em caso de necessidade.

Segundo a Superintendente Regional de Ensino, professora Crovimara Batalha, uma visita in loco às novas instalações do prédio. A Prefeitura, porém, não respondeu os questionamentos quanto às denúncias de esgoto a céu aberto próximo à nova escola e nem sobre o fato dela ter sido supostamente construída em um terreno de invasão.

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