Servidores da UPA Venda Nova fazem protesto por segurança e melhorias

Malú Damázio *
mdamazio@hojeemdia.com.br
21/08/2017 às 10:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:11
 (Fernanda Carvalho/Hoje em Dia)

(Fernanda Carvalho/Hoje em Dia)

Trabalhadores da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Venda Nova realizam um protesto no centro de saúde na manhã desta segunda-feira (21). Eles cobram da administração municipal um reforço na segurança da unidade, além de melhorias nas condições de trabalho e atendimento.

De acordo com o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), a precariedade da unidade é muitas vezes o gatilho para os episódios de violência dentro da UPA Venda Nova. No primeiro semestre de 2017, o sindicato contabilizou 123 casos de violência nos 152 centros de saúde da capital. Oito deles foram registrados na UPA localizada na rua Padre Pedro Pinto.

De acordo com a diretora de saúde do Sindibel, Cleide Donária, os setores com maior ocorrência dos casos de violência verbal e física são o de classificação de risco e a pediatria. Em alguns dos casos ocorridos, os pais agridem as enfermeiras ao se depararem com falta de insumos e alimentação.

“É recorrente a prática de dar banhos nas crianças para abaixar a temperatura, mas não tem toalhas para secá-las. Também na hora da alimentação, vem pouca comida para os usuários do sistema e algumas pessoas se revoltam. Dizem 'meu filho não merece isso'. Mas não é questão de merecer. A unidade recebe o tanto indicado pela Secretaria Municipal de Saúde”, afirma Cleide.

Segundo ela, os profissionais querem a compra imediata de insumos (como sabonetes, toalhas, lençóis), de medicamentos e um aumento no número de alimentações enviadas para os pacientes. Querem ainda um aumento no número de enfermeiros. “Muitos trabalhadores têm adoecido, pedido transferências ou antecipado a aposentadoria. Só neste ano, na UPA Venda Nova, foram dez transferências e cinco pessoas que se aposentaram”, completa a diretora do Sindibel.

Problemas

A manicure Gisele Lisbôa, de 32 anos, trouxe o pequeno Gerson Lisbôa, de 2, para consultar. A criança, que está com infecção de garganta, já teve que passar muitas vezes pelo atendimento com protocolo de risco.

A espera de três a cinco horas para conseguir ser atendida não é o único problema que a mãe relata. Ela conta que a comida é escassa e faltam itens básicos de saúde, como a toalha para secar as crianças após o banho frio. "Ontem tive que secar meu filho com papel, aquele que eles usam para forrar a cama. O colchão está rasgado e não tem lençol. Está muito sujo", conta.

Além disso, Gisele lembra que faltam medicamentos na farmácia da unidade. "Se venho nos finais de semana, tenho que procurar remédio em farmácias particulares. Fica complicado, uso o SUS porque não tenho condições de pagar um plano de saúde", diz.

Resposta

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde respondeu às demandas apresentadas pelos servidores na manhã desta segunda. Afirma que a segurança das unidades vem sendo feita pela Guarda Municipal e que monitora os casos de violência. Diz ainda que não há falta de insumos nas unidades de saúde. Veja a nota na íntegra:

"1-    No que se refere à segurança, as 9 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da capital passaram a contar com a presença fixa de Guardas Municipais, desde julho;

2-    As solicitações feitas pela comunidade e trabalhadores são avaliadas pela gestão, juntamente com o Conselho Local de Saúde;

3-    A SMSA monitora de forma frequente a situação nas unidades de saúde em que há relatos de violência e trabalha para atender as demandas da população e trabalhadores;

4-    No que se referem aos porteiros das unidades, as UPAs da capital contam com porteiros em todos os plantões. Em relação ao Centro de Especialidades Médicas (CEM Venda Nova), a unidade conta com o apoio da Guarda Municipal, que faz rondas frequentes no local;

5-    A UPA Venda Nova está com a equipe completa inclusive com relação à pediatria, são três pediatras fixos, por plantão os demais são cinco clínicos e um cirurgião. A Unidade não conta com ortopedista em seu quadro de profissionais, os pacientes que procuram a UPA com demanda para esta especialidade, são encaminhados para a UPA Norte e para o Pronto-Atendimento do Hospital Risoleta Neves;

6-    Na UPA Venda Nova, 19/08, de meia noite às 23h59, foram atendidas 215 fichas verdes, 45 amarelas, sete laranjas e duas vermelhas, totalizando 269 atendimentos. Já no dia 20/08, foram 280 atendimentos, sendo que destes, 220 de pacientes classificados como verdes;

7-    Na manhã desta segunda-feira, 21/08, foram realizados o total de 82 atendimentos, até às 10h30, sendo 75 pacientes classificados como verde (não urgentes);

8-    No que se refere à UPA Nordeste, na semana passada o aparelho de raio X apresentou problemas, mas já está funcionando normalmente;

9-    A UPA Nordeste atendeu nesta segunda-feira 122 pessoas, sendo 92 com classificação verde – casos mais simples - até as 11h20. A equipe está completa com 4 clínicos, um cirurgião e três pediatras. A UPA Nordeste não conta com ortopedista. Os casos que chegam lá são atendidos pelo cirurgião da unidade e encaminhados para o Hospital Odilon Behrens;

10- Na UPA Venda Nova e na UPA Nordeste não constam relatos recentes de violência física à equipe de profissionais. Pontualmente ocorrem agressões verbais;

11- De forma geral, não há falta generalizada de insumos e materiais. No que se refere ao enxoval, quando há falta, são utilizados lençóis de papel. O abastecimento de álcool gel nas unidades está regular. Quando há falta pontual, a SMSA trabalha para a rápida reposição;

12-  A alimentação nas UPAs da capital é fornecida aos pacientes que estão internados nas unidades. São oferecidos café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. O fornecimento está regular".  

 * Com Cinthya Oliveira

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por