Sinalização precária aumenta o risco de acidentes em Belo Horizonte

Ana Júlia Goulart e Mariana Durães
horizontes@hojeemdia.com.br
21/11/2017 às 20:08.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:49
 (Pedro Gontijo)

(Pedro Gontijo)

Quase 30 dias após o fim das obras de recapeamento em parte do viaduto Oeste, no Complexo da Lagoinha, região Noroeste da capital, a sinalização no asfalto ainda não foi refeita. Sem a marcação das pistas de rolamento, motoristas podem se confundir ao mudar de faixa e há risco de acidentes.

A falha, no entanto, não é exclusividade do trecho, por onde circulam diariamente cerca de 80 mil veículos. Em média, 15 solicitações para reparos ou pedidos de sinalização de trânsito são recebidos, por dia, pela BHTrans. Só no primeiro semestre deste ano foram 2.754. 

Em um rápido giro por cinco regionais da cidade, foram flagrados problemas na sinalização horizontal – executada sobre o pavimento – de ruas, avenidas e faixas de pedestres. A exemplo do viaduto Oeste, a rua Niquelina, no Santa Efigênia, Leste de BH, também passou por intervenções recentes. Um novo asfalto foi colocado no início do mês, próximo a um elevado que dá acesso ao bairro Santa Tereza. Por lá, há vários estabelecimentos comerciais e o fluxo de veículos é intenso, principalmente nos horários de pico. Pedro Gontijo Novo asfalto na rua Niquelina aguarda por pintura

onsultor em trânsito)

Outro importante corredor de tráfego com sinalização precária é a avenida Bias Fortes, entre rua Curitiba e Praça Raul Soares. A pintura de um dos cruzamentos, em amarelo, praticamente desapareceu. Faixas de pedestres e pistas de rolamento também estão apagadas. 

Com a marcação deteriorada, alguns condutores ocupam mais de uma faixa, prejudicando o trânsito. Quem passa pelo local reclama. “A influência maior é da educação do motorista, mas quanto mais visível a sinalização, mais fácil de respeitar”, diz o engenheiro aposentado Maurício Sarreiro.

Na Savassi, uma das áreas de maior fluxo de carros e pedestres da metrópole, mais exemplos. No cruzamento da avenida Getúlio Vargas com Rio Grande do Norte, a pintura está descascada e as faixas de travessia feitas para quem anda a pé, apagadas. “Aqui, os motoristas já custam a respeitar as regras. Sem a sinalização, fica mais fácil fingir que não viu”, lamenta o condutor Vinícius Soares.

do telefone 156 ou pelo portal bhtrans.pbh.gov.br

Pedro Gontijo Na rua Petrolina, no Horto, placa indica passagem de pedestre, mas não há travessia na pista

“É uma luta para atravessar. Se tivesse a faixa, teríamos o nosso direito garantido” (Glória Maria de Paula, auxiliar de cozinha, que falou sobre a rua Petrolina, no bairro Horto)

"Alto risco"

Cada faixa deteriorada ou inexistente é sinônimo de trecho inseguro para pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas. A afirmação é do consultor em trânsito Osias Baptista Neto. “A sinalização não é apenas um alerta. É uma forma de canalizar o trânsito e reduzir áreas de conflito. Se esse recurso não existe ou está danificado, podemos afirmar, com certeza, que ali há um alto risco de acidentes”.

Nos locais onde ocorreram obras recentes também não há desculpa. “Realmente, o asfalto precisa de um tempo para receber a sinalização definitiva, mas nada impede, levando em consideração o risco de acidentes, que uma sinalização provisória seja feita”, acrescenta Osias Baptista.Pedro GontijoRecém-pavimentado, acesso ao viaduto Oeste, na Lagoinha, está à espera de pintura

para congestionamentos

A má sinalização em pleno período chuvoso também é criticada por especialistas, que defendem manutenções constantes das vias. Outro ponto destacado é a possibilidade de congestionamentos. “Além da visibilidade ser pior, o motorista não vai ter o referencial que serviria como guia” afirma o professor da Fumec Márcio Aguiar. “Sem elas (faixas), a via pode até perder a capacidade de fluxo, aumentando os congestionamentos. Assim, uma via que, teoricamente tem quatro faixas, pode acabar tendo apenas duas ou três sendo utilizadas”, acrescenta o consultor em transporte Silvestre de Andrade.

Em nota, a BHTrans informou que realiza o monitoramento diário das sinalizações vertical (placas) e horizontal. A manutenção segue uma programação definida de acordo com as prioridades. O monitoramento é feito por meio dos agentes de trânsito e pela comunidade.

A duração média da pintura varia de acordo com o tipo de pavimento e tinta aplicada. Segundo a BHTrans, “em torno de um a dois anos em pavimento médio”. Já nos novos, com material que suporta maior movimentação, pode chegar a cinco anos ou mais.Renato Fonsecaom a faixa deteriorada, pedestre atravessa fora da área de proteção na avenida Risoleta Neves

Sem prazo

Conforme a empresa, um novo projeto de sinalização para o viaduto da Lagoinha está sendo concluído e “assim que as obras terminarem será implantada”. O prazo, no entanto, não foi informado. Para as demais vias citadas pela reportagem não houve retorno.

Ainda segundo a BHTrans, após uma obra de recapeamento, há necessidade de se esperar o asfalto secar, “pois, caso contrário, a pintura não fixa”. Porém, novamente a empresa não informou quanto tempo é necessário. No ano passado foram investidos mais de R$ 9 milhões com sinalização horizontal em BH. A empresa disse que “conseguiu economizar” mais de R$ 319 mil reaproveitando materiais.

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