Suposto neonazista dava carona para gays, cita Dostoiévski e se diz nacionalista

Ana Clara Otoni
16/04/2013 às 13:02.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:52

Marcus Vinícius Garcia Cunha, de 26 anos, ex-coordenador de atendimento do tradicional restaurante Xapuri e que está preso por suspeita de formação de quadrilha e racismo foi apresentado nesta terça-feira (16) pela Polícia Civil. Cunha aparece em várias postagens no Facebook com materiais de cunho neonazista e com mensagens racistas. Em duas delas, Cunha, que é formado em Direito e Gastronomia, aparece ao lado do filho de 10 anos. O garoto faz uma saudação nazista e usa a cruz de ferro, um dos símbolos nazistas. De acordo com a Polícia Civil, Marcus e Antônio Donato Baudson Peret, de 25 anos, podem responder por corrupção de menores, caso seja comprovado que eles incitavam a criança a posicionamentos de cunho racista.

Polêmico, Cunha negou ter envolvimento com qualquer tipo de prática ilegal ou crime. Ao ser questionado por uma jornalista sobre a participação em alguma tribo, respondeu: "Quem tem tribo é índio. Eu faço parte do mesmo grupo que você: o de pessoas que andam livremente pela rua", afirmou. Sobre a fotografia postada no Facebook na qual o filho dele aparece com o braço esticado como se fizesse uma saudação, Cunha disse que o gesto é apenas um "cumprimento" e que "quem entende de história sabe que não tem nada a ver com saudação nazista".

Para se defender das acusações de racismo e preconceito com minorias, Cunha disse que o passado dele demonstra a sua boa convivência com as pessoas. "Pelo contrário, em todo lugar que trabalhei, na minha faculdade, sempre respeitei todo mundo", afirmou. Ele relembrou o tempo em que trabalhou no restaurante Xapuri, entre junho e novembro de 2012, no qual coordenava um grupo de 30 pessoas, entre elas, negros e homossexuais assumidos. "O pessoal lá sempre me deu toda a estrutura. (...) Tinham negros, homossexuais assumidos, inclusive, e muitos já pegaram carona comigo até o centro da cidade, já que o Xapuri fica longe e eu voltava de carro, quando morava no São Bento", contou. Segundo Cunha, "isso já demonstra que ele não tinha preconceito nenhum".

Cunha não se considera skinhead, embora em uma das legendas das imagens postadas no Facebook seja "4 Skins". Na imagem, Cunha está em um bar na capital ao lado de João Vetter, Antônio Donato e um outro indivíduo. "Eu simplesmente entrei de gaiato nessa história por conta desse lance de Facebook", afirmou.

Formado em Direito e Gastronomia, Cunha disse que se aprofundou nos estudos da filosofia e da ciência política. Ele citou o filósofo Immanuel Kant, o escritor russo Fiódor Dostoiévski e o francês Émile Durkheim, um dos fundadores da sociologia moderna, para demonstrar sua formação acadêmica. Cunha negou que tenha qualquer livro de ideologia hitlerista. Um exemplar da biografia do líder nazista Adolf Hitler foi apreendido no domingo (14) na casa de João Vetter, no bairro Carlos Prates, na região Noroeste da capital. "Não faço parte de nenhum grupo neonazista. (...) Sempre respeitei todo mundo, nunca agredi ninguém", afirmou. Cunha disse que não se arrepende de nada que tenha postado nas redes sociais e afirmou que o fato de conhecer Antônio Donato e João Vetter não o coloca em nenhum grupo ou associação. "Isso não me coloca como skinhead, neonazista ou de qualquer doutrina pejorativa à sociedade", afirmou.

Marcus disse estar envergonhado com a prisão por causa do filho dele, que está prestes a fazer 11 anos. Ele disse que tem a expectativa de que tudo seja resolvido para que fique provado a sua inocência para o filho dele.

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