Suspeito de pichar Igrejinha da Pampulha presta depoimento à polícia

Da Redação*
Hoje em Dia - Belo Horizonte
23/03/2016 às 14:21.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:36
 (Flavio Tavares/Hoje em Dia)

(Flavio Tavares/Hoje em Dia)

O homem suspeito de cometer o ato de vandalismo na Igreja São Francisco de Assis, conhecida carinhosamente como Igrejinha da Pampulha, presta depoimento à Polícia Civil nesta quarta-feira (23).

O suspeito foi identificado na terça-feira (22) a partir de um perfil do Facebook. A assessoria da Polícia Civil afirmou que as câmeras da igreja e do Olho Vivo não registraram a ação.

Após ser ouvido e confessar a contravenção, o rapaz, de 25 anos, será indiciado por dano ao patrimônio público. “Com agravante por se tratar de uma obra de patrimônio histórico-cultural. A pena é de seis meses a um ano de detenção”, contou o delegado Aloísio Fagundes.

Protesto

Conforme a polícia, o suspeito disse que o ato foi em protesto ao rompimento da barragem em Mariana, na Região Central de Minas. Contudo, o delegado Murillo Lima reforça que as demais pichações do homem, já identificadas em diversas regiões de Belo Horizonte, não apresentam nenhuma conotação ideológica, o que enfraquece o argumento do investigado.

Vândalos picham Igrejinha da Pampulha durante a madrugada desta segundaFlávio Tavares/Hoje em Dia / Flávio Tavares/Hoje em Dia

Denúncia

A polícia chegou até o rapaz a partir de pistas deixadas nas redes sociais. Os investigadores identificaram pichações com as mesmas características das encontradas na Igreja, registradas em diversas regiões da capital.

Em buscas a uma loja, no bairro Ipanema, que seria frequentada por compradores de produtos de pichação, os policiais também descobriram que o jovem seria um dos consumidores, mas o proprietário não soube informar o nome real do suspeito.

Foi com base em uma denúncia anônima, que dava conta do primeiro nome do homem e de que ele morava no bairro Marilândia, na região do Barreiro, que a polícia foi ao encalço do suspeito.

No local indicado, ele não foi encontrado, mas seus familiares receberam a intimação para ser ouvido na delegacia. Nesta quarta-feira (23), o rapaz, acompanhado de seu advogado, se apresentou à delegacia de polícia e confirmou a pichação.

Reparo

O templo, que é um dos principais cartões-postais de Belo Horizonte, foi rabiscada na madrugada de segunda-feira (21). Para limpar a igreja, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, a prefeitura terá que desembolsar R$ 8 mil.

O trabalho será comandado pelo restaurador Wagner Matias de Sousa. Ele participou da recuperação do painel de azulejo de Paulo Werneck, na própria Igrejinha.  Sobre o novo serviço, Wagner disse que será "complexo" e demandará "cuidados especiais". O desafio é limpar a estrutura sem danificar as obras de arte.

"Temos que dar uma resposta rápida à altura da importância deste monumento". Um processo químico será feito para remover a tinta. "Vários testes precisam ser feitos. A metodologia pode mudar de acordo com o andamento dos trabalhos", disse.

Falta de zelo

Considerada obra-prima do arquiteto Oscar Niemeyer, a Igreja São Francisco de Assis passou pela primeira das cinco reformas já realizadas em 1954. A última restauração ocorreu há mais de uma década, em 2005. A capela passará por uma nova restauração no interior devido a goteiras e infiltrações.

Em janeiro passado, o Hoje em Dia mostrou que enquanto a intervenção não acontece, a deterioração do templo se agrava ainda mais com novas infiltrações e fendas mais aparentes no forro de madeira. Basta chover e aparecem goteiras por todos os cantos.Marcelo Prates/Hoje em Dia / Marcelo Prates/Hoje em Dia

A obra orçada em R$ 1,4 milhão, que conta com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), se arrasta devido à demora na liberação da verba, uma licitação cancelada e casamentos agendados na igreja. O reparo prevê serviços nas juntas de dilatação da estrutura em forma de abóbada, troca do forro, nova pintura, polimento do piso de mármore e limpeza das fachadas.

*Com informações de Renato Fonseca

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