A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu três homens suspeitos de cometerem dois homicídios em bairros de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os assassinatos ocorreram no segundo semestre do ano passado e vinham sendo investigados deste então.
Cleisson Batista da Silva, 20 anos, e de Fernando Henrique Neves Silva, 24, foram presos temporariamente, na manhã desta sexta-feira (20), pela morte de Luiz César de Moura Júnior, 26 anos, no Bairro Fonte Grande, no dia 28 de setembro de 2016. estrangular e matar o cabeleireiro Ricardo Antônio Martins, 41 anos, no bairro Glória, no dia 21 de dezembro de 2016.
Extorsão
Seegundo a PCMG, o corpo do cabeleireiro foi encontrado em sua residência, com os pulsos amarrados com cadarço e estrangulado com um fio de secador. Testemunhas disseram à polícia terem ouvido vários gritos vindos da casa, mas não notaram a entrada de nenhuma outra pessoa no momento do crime. As investigações levaram a suspeita até Marcelo, que residia próximo à vítima, mas havia se mudado semanas depois do crime. Na residência do suspeito, a polícia encontrou o computador e celular da vítima.
A principal linha de investigação pressupõe como motivação para o assassinato uma possível tentativa de extorsão contra Ricardo, uma vez que os levantamentos indicaram que Marcelo, há aproximadamente dois meses antes do crime, tentava um relacionamento forçado com a vítima. Testemunhas disseram que o suspeito sempre se encontrava com a vítima, que rejeitava Marcelo, e chegou até mesmo a manifestar o descontento com os vizinhos. "Acreditamos que Marcelo, que já possui extenso envolvimento com estelionatos, tenha percebido a expansão dos negócios da vítima e, sabendo que Ricardo era assumidamente homossexual, planejou como se aproximar de forma a extorqui-lo", explicou a delegada responsável pelo caso, Gislaine de Oliveira Rios.
A delegada destaca que no dia dos fatos Marcelo, provavelmente, marcou de encontrar com Ricardo, buscando dinheiro e, em um momento de descontrole, cometeu o assassinato. "Não descartamos a hipótese de um latrocínio, mas o fato de encontrarmos o celular e computador da vítima na casa do suspeito reforçam os indícios de que ele tentava apagar evidências da relação entre os dois", disse. Ainda de acordo com Gislaine, uma quantia de R$ 700 que a vítima deixava em casa para pagar dívidas com agiotas não foi encontrada. A polícia trabalha agora com a perícia no computador e celular da vítima para apurar o grau do relacionamento entre os dois.
Marcelo, que nega o crime, já possuía passagem policial também por homicídio. Além disso, no desenrolar das investigações, a esposa do suspeito entrou em contato com a polícia para registrar queixa de ter sofrido uma tentativa de estrangulamento por Marcelo.
Confronto entre gangues
O conflito entre duas gangues que disputam o tráfico de drogas há cinco anos na região do bairro Vila Itália, em Contagem, é apontado pela Polícia Civil como a motivação para a execução de Luiz César de Moura Júnior, de 26 anos. A vítima foi abordada, no bairro Fonte Grande, por um veículo conduzido por Cleisson Batista da Silva, Fernando Henrique Neves e Lucas Mendes Ferreira, 23 anos, que está foragido. Os suspeitos bloquearam a passagem do veículo da vítima durante o dia e dispararam diversos tiros contra Luiz.
De acordo com a Polícia Civil, os suspeitos pertencem a uma gangue rival a da vítima, que teria assumido o controle do tráfico na região. Cleisson, recém saído do sistema prisional, se juntou a Lucas e Fernando para cometer o crime a mando do irmão deste último, que comandava as ações criminosas de dentro da prisão. O assassinato de Luiz foi o terceiro cometido por Cleisson e Fernando, sob a mesma motivação. Após os homicídios, a população do bairro Vila Itália viveu momentos de terror por parte dos investigados, que impunham toques de recolher e ameaçavam testemunhas.
Conforme explica Gislaine, a organização criminosa que os suspeitos pertencem é responsável não somente por homicídios e tráfico de drogas, como também por roubos e clonagens de veículos utilizados nos delitos. No dia 27 de dezembro de 2016, por exemplo, Cleisson era um dos envolvidos em uma tentativa do roubo de um veículo, no bairro Castelo, em Belo Horizonte, contra um policial civil, ocorrência que acabou em troca de tiros. "Esperamos com as prisões poder trazer tranquilidade à população, que estava atemorizada com esse círculo de violência", enfatizou a delegada.
A PCMG pede que qualquer informação sobre o paradeiro de Lucas Mendes Ferreira seja repassada à corporação pelo telefone 197 ou Disque Denúncia 181. O sigilo é garantido.