Transplante de órgãos aumenta 14% em Minas; logística de transporte é essencial

Hoje em Dia
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13/11/2017 às 06:00.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:40
 (Omar Freire/Imprensa MG)

(Omar Freire/Imprensa MG)

O número de transplantes realizados em Minas Gerais em 2017, até o início de outubro, cresceu 14% na comparação com igual período do ano anterior. Também houve aumento em relação à doação de órgãos. No primeiro semestre deste ano, 117 famílias autorizaram a captação, enquanto nos seis primeiros meses de 2016 foram registradas 98 doações.

Para obter êxito nesse tipo de operação, é fundamental a existência de uma logística adequada para o armazenamento adequado e transporte rápido do órgão. No ano passado, as aeronaves disponibilizadas pelo Governo de Minas foram usadas 52 vezes para este fim. Em 2017, até o início do mês passado, foram 61 vezes, aumento de 19,3%.

As demandas são variadas e de todas as regiões, com realidades muito diferentes, sendo que algumas dependem de avião, helicóptero e carro. Existem lugares que não contam com aeroportos e a chegada tem de ser por uma cidade vizinha, enquanto há municípios que não podem receber voos noturnos. Eventualmente, a estrutura mineira vai a outros estados.

24 horas

As aeronaves do governo mineiro não têm horário pré-estabelecido para serem utilizadas pelo MG Transplantes e estão à disposição sete dias da semana, 24 horas por dia.

Ao todo, são 15 aeronaves sob a responsabilidade do Comando de Aviação do Estado (Comave) da Polícia Militar de Minas, sendo dez helicópteros e cinco aviões para as atividades de multimissão, dentre elas o transporte de órgãos. 

“Sempre tivemos aeronave para nos atender. Entretanto, com o Comave ficou muito mais rápido, pois no primeiro contato já sabemos qual avião ou helicóptero estará disponível para deslocar imediatamente com a equipe do MG Transplantes”, afirma Sara Barroso, coordenadora estadual de logística do MG Transplantes.

A logística não pode falhar, pois o tempo é fundamental para o sucesso de uma tarefa complexa, que exige o comprometimento de muitos profissionais de todas as áreas.

“A demanda de coração é a mais diferenciada de todas e exige maior rapidez. A equipe precisa chegar aos hospitais das Clínicas e Felício Rocho de helicóptero, em duas horas após a captação do órgão em qualquer lugar do Estado, enquanto o paciente já se encontra na mesa de cirurgia para receber o órgão”, revela Sara.

Sistema de captação funciona nacionalmente

Quando existe a oferta de órgãos em Minas Gerais, a comunicação chega ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT), por meio do médico de plantão que insere todas as informações do doador. Nesse momento, é possível saber quais os pacientes que podem receber aquele órgão.

O paciente do Estado na fila nacional tem preferência e a equipe onde ele se encontra é responsável pela captação do órgão no lugar em que está sendo disponibilizado. Um exemplo: se o paciente contemplado com o fígado é da Santa Casa de Belo Horizonte, é a equipe deste hospital que fará a captação.

Existem estabelecimentos capazes de captar e transplantar todos os órgãos como o Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte. O Hospital Escola de Itajubá, no Sul de Minas, transplanta fígado, rim e coração, mas na cidade não desce avião, apenas helicóptero. Assim, a equipe do MG Transplantes utiliza o aeroporto de Pouso Alegre para chegar e depois seguir de helicóptero.

Também realizam transplante de fígado e rim a Santa Casa de Montes Claros, na região Norte, e, na Zona da Mata, em Juiz de Fora: a Santa Casa e o Hospital Monte Sinai. Outros hospitais do interior também realizam transplantes diversos.

Caso um órgão doado não seja adequado a um paciente de Minas, ele é ofertado na fila nacional. Nesse caso, para atender a outro estado, vem uma equipe no avião da Força Aérea Brasileira, porém, o MG Transplantes acompanha o procedimento. 

“Não utilizamos os aviões da FAB porque dispomos de uma frota eficiente, mas se precisarmos temos certeza de que nos atenderá da melhor maneira”, observa Sara Barroso do MG Transplantes.

Além Disso

São 3.428 pessoas na fila de espera no Estado para receber um órgão, sendo que a maioria (2.300) aguarda um rim; 977 esperam voltar a enxergar com uma córnea doada; 47 precisam de transplante de fígado; 51 pessoas estão à espera de um transplante combinado de rim/pâncreas; 29 sonham com um novo coração.

A maioria das pessoas pode ser doadora de todos os órgãos e tecidos. Para isso, basta que manifeste em vida a vontade junto aos familiares que precisam autorizar a doação, depois de realizado o diagnóstico de morte encefálica. A remoção dos órgãos não tem um período pré-determinado, mas deve ser feita o mais rápido possível.

Em relação à doação de órgãos em vida, o diretor do MG Transplantes, Omar Lopes Cançado Júnior, ressalta que ela é possível quando se tem saúde perfeita e quando o doador é parente até o quarto grau do futuro receptor. “Os órgãos que podem ser doados são: rim, fígado e pulmão. Para esses casos, o doador deve procurar o serviço transplantador onde está inscrito o seu parente para realização do procedimento”, orienta.

A doação de órgãos no Brasil apresentou crescimento em 2017 e passou de 14 para 16 doadores para cada 1 milhão de habitantes. O número ainda é considerado baixo se comparado à Espanha, país referência mundial com 40 doadores para cada 1 milhão de pessoas.

Com a morte cerebral de uma pessoa saudável, outras 14 poderão ser beneficiadas, segundo informações da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Por isso, as campanhas de estímulo à doação são consideradas imprescindíveis para despertar a solidariedade na sociedade.

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