Transporte público de BH gerou ao menos duas reclamações por hora em 2016

Alessandra Mendes
amfranca@hojeemdia.com.br
16/01/2017 às 20:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:26

Pelo menos duas reclamações por hora são registradas diariamente contra o transporte público de Belo Horizonte. A queixa mais frequente dos passageiros é que os ônibus não param nos pontos de embarque e desembarque. Em todo o ano passado, foram 5.544 relatos com relação a esse tipo de problema. Também fazem parte do ranking com o maior número de reclamações o comportamento inadequado do motorista ou agente de bordo, descumprimento do quadro de horário, excesso de velocidade e descumprimento de itinerário. Ao todo, 19.258 queixas foram recebidas pela BHTrans em 2016. 

Em quase todos os pontos é possível encontrar alguém relatando episódios em que não conseguiu pegar o ônibus porque ele não parou no local previsto. “Acontece todo dia. Se tiver o coletivo de outra linha parado no ponto, o que vem atrás passa direto e a gente fica no prejuízo. Com o 62 (Estação Venda Nova/Savassi) sempre tenho esse problema”, conta o auxiliar administrativo Leonardo Augusto Alves da Silva, de 20 anos. 

No mesmo ponto em que ele pega o coletivo diariamente (na praça Professor Coelho e Souza, atrás da Igreja do Sagrado Coração de Jesus), a técnica em enfermagem Magda Galvão, de 52 anos, passa pelo mesmo problema com o ônibus 66. “Eu pego a linha direta. Então, quando ele não para, tenho que ficar muito tempo esperando outro”.

Em 2014, foram aplicadas 39.322 autuações aos consórcios com base no regulamento de transporte coletivo por ônibus, por vários motivos, sendo que a omissão de viagens respondeu por 77% do total. No ano seguinte, foram 32.744 autuações, sendo que 51% corresponderam a esse mesmo tipo de problema. 

Na avaliação dos passageiros, o serviço ofertado ainda está muito longe do ideal ou do correspondente ao preço cobrado. “A tarifa é alta, ainda mais agora com esse aumento, e não vemos um retorno à altura. Precisa melhorar a qualidade. Hoje, de zero a dez, a minha nota para o transporte público de BH é quatro”, afirma o vigilante Helbert de Carvalho, de 36 anos, que pega ônibus todos os dias.Flávio TavaresRUIM – Para a técnica em enfermagem Magda Galvão, o serviço na capital tem problemas e merece nota 4

A nota dada pela terapeuta Fabíola Fidelis, de 44 anos, é ainda mais baixa. Por causa do tempo de espera, o transporte público para ela merece nota três. “Ainda é preciso rever os horários das linhas alimentadoras. O que economizo pegando uma linha que vai pela pista exclusiva, gasto esperando o ônibus que transita no bairro”. 

Mas, se por um lado há o reconhecimento que ainda há muito por melhorar, por outro há também o entendimento que alguns avanços foram feitos. Com veículos novos, ar-condicionado e mais agilidade, o sistema Move é o principal ponto positivo apontado pelo passageiro. Segundo a BHTrans, esse investimento aliado a outras ações, como a criação de uma gerência de auditoria da qualidade do serviço, resultou na queda da quantidade de reclamações.

Em 2015, o número de queixas contra o transporte público em BH chegou a 29.310, contra 37.221 no ano anterior.

Melhorias

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) informou que, na busca da melhoria constante dos serviços prestados e do tratamento dispensado aos usuários do sistema de transporte coletivo urbano por ônibus da capital mineira, os 14 mil operadores do sistema passam por capacitação constante. “Os treinamentos são orientados para a melhoria e modernização do sistema de transporte coletivo, para a adequação a novas tecnologias, para o aprimoramento de práticas e relações pessoais e profissionais, com os usuários, agentes de trânsito, pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas dos demais veículos no trânsito e para o aprimoramento da segurança do sistema, pedestres e demais usuários das vias públicas”, explicou o sindicato por meio de nota.

O Setra ressalta que conta também com a colaboração dos usuários para a melhoria dos serviços prestados aos cidadãos de Belo Horizonte. “Qualquer ato praticado por operador que seja considerado inadequado deve ser comunicado ao Serviço de Atendimento ao Cidadão do SetraBH pelo telefone 3248-7300, informando número da linha e do ônibus e local, data e hora da ocorrência. Toda reclamação é apurada”, afirma a entidade.

O sistema de transporte coletivo de BH opera 343 linhas e 2.951 ônibus, que realizaram, em novembro de 2016, mais de 686 mil viagens, transportando mais de 32,7 milhões de usuários.

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