Vazão do rio das Velhas cai pela metade e se iguala ao mesmo patamar de outubro de 2014

Igor Patrick
ipsilva@hojeemdia.com.br
29/08/2016 às 20:40.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:36
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

O nível das águas do rio das Velhas atingiu patamar considerado crítico. A última medição, feita no sábado passado, aponta uma vazão de 9 metros cúbicos por segundo (9m³/s). O índice representa menos da metade da média histórica e se iguala ao registrado em outubro de 2014, pouco antes de o Estado enfrentar uma grave crise hídrica.

Com a baixa, o rio Paraopeba tem sido utilizado para complementar o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Os dados foram divulgados ontem pelo presidente do Comitê da Bacia do Rio das Velhas, Marcus Vinícius Polignano, durante assinatura de um termo de parceria entre os comitês das bacias dos rios das Velhas e Paraopeba.

Série histórica
Responsável por abastecer cerca de 60% da Grande BH, o Velhas tem vazão histórica de 20,5m³/s, mas estava registrando aproximadamente 10m³/s ao longo deste mês. Desse total, pelo menos 6,5m³/s são captados pela Copasa, nível bem acima dos 30% recomendados por ambientalistas.

“Estamos invertendo a ordem. Está faltando rio para tanta captação. O Rio das Velhas precisa ter condições de produzir água ao longo do ano inteiro, mas tem sofrido com ocupações irregulares, principalmente no trecho da BR-040, que corta a Serra da Moeda”, diz Marcus Vinícius Polignano.

Termo de parceria foi assinado entre os comitês das bacias dos rios das Velhas e do Paraopeba; estão previstas ações de divulgação, mobilização e preservação dos cursos d’água, que são responsáveis por abastecer toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)

Segundo ele, o Comitê teme por medidas de racionamento de água, caso não ocorram chuvas significativas. Porém, ele não informou quando isso poderia ocorrer.

Paraopeba
No ano passado, o Sistema Paraopeba recebeu investimentos de R$ 128,4 milhões do Governo do Estado para a instalação de uma adutora com 6,5 quilômetros. Com a intervenção foi possível captar 5 metros cúbicos por segundo e bombear o volume para a Estação de Tratamento de Água do Rio Manso.

Embora tenha trazido alívio, só a obra não é suficiente, avaliam especialistas. “O Paraopeba não consegue suprir a necessidade ao longo de vários meses. Se não chover até novembro, ele também fica comprometido”, afirma o presidente do Comitê da Bacia do Paraopeba, Denes da Costa Lott.

De acordo com o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, Luis Ladeia, o ciclo de chuvas deve se iniciar a partir de 15 setembro. “Até lá teremos ocorrências isoladas e sem volume o suficiente para dizer que a estiagem acabou”, afirmou.

Posicionamento

Procurada, a Copasa informou, por meio de nota, que a utilização da nova captação permite poupar a produção de água nos reservatórios do Sistema Paraopeba. A empresa disse ainda que o Sistema tem flexibilidade para ser utilizado no caso de abastecimento adicional da Grande BH, mas não respondeu aos questionamentos de que a obra não solucionaria o risco de racionamento na região.

Já a Via 040, concessionária que administra a BR- 040 no trecho citado pelo Comitê, informou que monitora o uso e ocupação das faixas na rodovia de forma permanente e que registra boletim de ocorrência junto à Polícia Rodoviária Federal (PRF) sempre que alguma invasão é detectada.

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