Venda de passagens de ônibus com valor menor é feita livremente na capital

Mariana Durães
mduraes@hojeemdia.com.br
19/10/2017 às 20:49.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:18
 (Pedro Gontijo)

(Pedro Gontijo)

Tarifa de ônibus até R$ 0,35 mais em conta. Esse é o atrativo oferecido por ‘passadores de cartões’ que ficam nas imediações das estações do Move para vender créditos do BHBus. Apesar de parecer vantajosa, a prática é considerada crime. Quem comercializa pode responder por estelionato. Já quem compra, por receptação.

A atuação dos ‘passadores’ é facilmente percebida no Centro da capital. O esquema envolve, inclusive, a compra de vale-transporte. De acordo com a Polícia Civil, já houve casos de clonagem do bilhete. No início deste mês, ao menos seis pessoas foram presas suspeitas do crime. No entanto, segundo as investigações, a maioria atua adquirindo o benefício que empresas concedem a trabalhadores.

Como funciona

Nas proximidades das plataformas do Move na avenida Paraná, a reportagem flagrou uma mulher repassando passagens mais baratas, sem o menor constrangimento, bem perto da bilheteria oficial, na rua Tupinambás. Sem dizer o nome, a vendedora contou adquirir os cartões de pessoas que recebem o vale-transporte no emprego. Depois, ela anuncia a tarifa com desconto nas proximidades das estações. Muitos passageiros aceitam pagar R$ 3,70 ao ‘passador’, que acompanha os clientes até a plataforma e registra o bilhete na catraca.

Conforme a mulher, a única limitação é que cada cartão só pode ser usado seis vezes ao dia. “Antes, ficávamos com uns 80 cartões. Agora, precisa ser pelo menos o triplo”. 

Em pontos comuns, a prática também é frequente e não há fiscalização, afirma um comerciante que trabalha no Centro. Nas paradas de ônibus, o cartão é entregue ao passageiro que, após passar pela roleta, devolve o BHBus pela janela.

“A venda e o uso indevido do vale-transporte recebido da empresa é passível de demissão por justa causa”, afirma a delegada Talita Martins, da Delegacia de Crimes Cibernéticos.

Para coibir

A BHTrans informou que, por ser uma questão de segurança pública, esse é um caso de polícia. Segundo a PM, o 1º Batalhão está fazendo levantamentos. Operações preventivas e repressivas já foram deflagradas, afirma a corporação. Outras ações serão executadas nas proximidades das estações do Move. Detalhes não foram divulgados.

Na Grande BH

Já a delegada Talita Martins, da Delegacia de Crimes Cibernéticos, conta ter desarticulado um bando que clonava os cartões do vale-transporte Ótimo, usados em coletivos que fazem trajetos entre as cidades da região metropolitana de BH. Os criminosos recarregavam valores de até R$ 300 e repassavam as passagens em pontos de ônibus a preços mais baixos que a tarifa oficial.

O crime, segundo as apurações, rendia ao grupo lucros diários de R$ 7 mil. O prejuízo total passa de R$ 1 milhão, informou a delegada.

benefício e depois vender tarifas, diz delegada

O BHBus Master, cedido às pessoas acima de 65 anos, já foi encontrado com ‘passadores de cartões’. Conforme reportagem publicada ontem pelo Hoje em Dia, 913 bilhetes eletrônicos do tipo foram usados indevidamente de janeiro a setembro deste ano. A fraude levou a BHTrans a limitar o auxílio em dez viagens diárias.

Segundo a delegada Talita Martins, da Delegacia de Crimes Cibernéticos, foram identificadas duas formas de fraudar o cartão. Uma delas é a utilização das passagens por familiares e amigos do idoso. Na segunda, e mais trabalhosa, as pessoas com mais de 65 anos são levadas ao posto onde faz a solicitação do benefício. “Mas não para uso próprio dele. Após pagarem uma quantia ao beneficiário, os fraudadores vendem as passagens abaixo do preço normal”, explica a policial.

Também foram detectados usos indevidos em outras modalidades de benefício. No caso de deficientes, neste ano foram 613 até a primeira semana de outubro. Nesses cartões de gratuidade, a limitação é de seis viagens por dia para usuários de BH, e quatro para os da região metropolitana.

Porta traseira

Ontem, a BHTrans esclareceu que usuário do cartão Master com o limite de viagens atingido e que precisa desembarcar na parte de trás do coletivo, como acontece nas estações do Move, pode entrar pela porta traseira do veículo. Para isso, basta mostrar a identificação para o motorista e informar que irá descer nas plataformas.

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