Venda Nova tem o maior potencial em BH para reprodução do mosquito Aedes aegypti

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
16/12/2016 às 22:05.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:07

A guerra contra a dengue é uma das prioridades para a saúde pública em Belo Horizonte, mas o principal campo de batalha a partir de agora e pelos próximos meses será a região de Venda Nova. Por lá, pelo menos uma a cada cem casas tem focos do mosquito, segundo o Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), divulgado nessa sexta-feira (16) pela prefeitura da capital mineira. A média da cidade inteira é de 0,6% de infestação. 

A maior probabilidade de focos da dengue na região está ligada a características socioeconômicas e climáticas. Dados do relatório Análise de Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas apontam que, em 2030, Venda Nova pode ser uma das regiões mais aptas a enfrentar uma eventual epidemia de dengue. 

Para o secretário Municipal de Saúde, Fabiano Pimenta, a própria organização territorial da região pode ter criado um ambiente propício para a proliferação do mosquito. “São fatores como a temperatura mais elevada, modelo menos verticalizado e o adensamento populacional da região”, avalia. 

Medo
Nos bairros Mantiqueira e Jardim dos Comerciários, moradores relatam que os casos de dengue são recorrentes. O estudante Mateus Augusto, de 21 anos, viveu a experiência há poucos meses. “Fiquei uma semana deitado na cama, foi horrível. Minha mãe também pegou dengue semanas depois”, relata.

Apesar do sofrimento, ele é obrigado a conviver com o risco ao lado de casa, onde um lote vago situado em frente à Umei Mantiqueira está abandonado e repleto de entulhos com água parada. 

A Regional Venda Nova da PBH informou que os dois bairros estão em áreas íngremes e que possuem uma população carente, e “nesta época de muita chuva, é muito grande o aparecimento de criadouros. Os agentes, inclusive, andam com sacos de lixo na bolsa para serem usados em lotes vagos para recolhimento de inservíveis”.

Casos
Em 2016, 154.766 casos de dengue já foram confirmados em BH. Além disso, há ainda 2.050 notificações pendentes de resultado. 
Até o momento, o Barreiro é a regional com o maior número de ocorrências em 2016, com 25.573, de acordo com dados da prefeitura. De todos os casos confirmados neste ano, cerca de 84% foram registrados nos meses de fevereiro, março e abril, período com o maior índice de transmissão da doença.

Na comparação com o ano anterior, os óbitos também dispararam. Em 2016, 59 mortes por dengue já foram confirmadas na capital, ao passo que, em 2015, menos de dez mortes ocorreram.

Outras doenças
Os casos de chikunguya também surgiram com maior frequência, apesar de nenhum ter gerado mortes na capital. Até o momento, 40 pessoas já foram contagiadas pela doença, sendo que 21 foram de infecções em BH e 19 fora da cidade. 

No caso do zika, 537 casos já foram contabilizados na capital até o momento, e outros 578 estão pendentes de resultado. A regional Venda Nova tem, sozinha, 218 casos de suspeita da doença. 


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Flávio Tavares

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