Vira-latas conquistam corações e lares dos mineiros

Izabela Ventura - Do Hoje em Dia
23/02/2013 às 08:21.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:17
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Há alguns anos, era comum ver “madames” passeando com poodles ou yorkshires a tiracolo, às vezes até dentro da bolsa. Atualmente, quem diria, a nova moda são os vira-latas. Eles estão caindo no gosto dos brasileiros, que têm preferido, cada vez mais, adotar um animal carente a comprar cães e gatos de raça.

A veterinária Thaís Helena Carlos constata o aumento dos animais sem raça definida (SRD) em clínicas e pet shops. Boa parte passou por abrigos de associações protetoras e ONGs.

A vice-presidente da Cãopartilhe, Daniela Schuchter, conta que a procura cresceu tanto que, às vezes, os voluntários podem escolher os donos para os bichos. “Já tivemos dez interessados em um animal. Gato, então, dá até briga”.

Divulgações de animais em redes sociais como o Facebook, além de campanhas com celebridades, estimulam a adoção. “Finalmente o preconceito com animais resgatados das ruas começa a diminuir”, ressalta Daniela, que tem quatro cães e uma gata adotados.

Engajamento

Para a presidente da ONG SOS Bichos, Carla Roberta Magnani, a adoção se tornou mais viável graças ao trabalho de associações protetoras. Elas tiram os animais das ruas e os deixam bem cuidados enquanto esperam um lar. “Os bichos são castrados, vacinados e medicados contra vermes, o que faz as pessoas ficarem mais seguras para adotar”, diz.

A funcionária pública Maria Helena Maciel Athayde, de 51 anos, não resiste ao olhar triste e cativante de um vira-latas. Ela tem seis cães, mas mora com três, por questões de espaço – os outros ficam com o irmão dela.

Há dois anos, Helena adotou a SRD Meg, de 5 anos, que estava abandonada no Gutierrez, zona Sul de Belo Horizonte. “Ela estava magra e muito doente, mas é uma guerreira e sobreviveu”. A ideia era encaminhá-la para adoção, mas a cadela conquistou a família e ficou.

Recentemente, foi a vez de Dedé, de 2 anos. Ele é de raça (poodle), mas foi encontrado no Anel Rodoviário. “Vi aquela carinha e não aguentei. Só quem adota sabe como é”.

Capital tem 32 mil cães e gatos sem teto

Adoções de animais abandonados têm aumentado, mas ainda há muito o que fazer. Existem 32 mil cães e gatos errantes nas ruas de Belo Horizonte, segundo estimativa do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) feita em 2012.

A presidente da SOS Bichos, Carla Magnani, afirma que as ONGs fazem a parte delas, mas precisam de mais aporte do poder público.

Algumas das demandas são o incremento das castrações gratuitas e o investimento em campanhas educativas em postos de saúde, escolas, etc. O foco seria a divulgação de informações sobre posse responsável.

Parcerias

Uma notícia boa é que, se antes os poucos voluntários de ONGs lutavam para conseguir parcerias com clínicas e veterinários, atualmente o movimento é contrário. É que a promoção de feiras de adoção e o apoio ao resgate de animais carentes divulgam e melhoram a imagem das empresas.

“Além disso, as pessoas que adotam levam os animais para serem cuidados nessas clínicas, que geralmente ficam nos bairros. Ou seja, todos saem ganhando”, comenta Carla.

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