Luis Tibé, do PT do B, aposta no passe livre, nas favelas e no emprego

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
29/08/2016 às 07:09.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:35
 (Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

(Wesley Rodrigues/Hoje em Dia)

"Zero. Zero. Zero”. Enfaticamente, Luis Tibé (PT do B) nega irregularidades no uso de verba de gabinete, quando foi vereador por Belo Horizonte, questão pela qual foi condenado. O candidato a prefeito e deputado federal afirma que não prometerá obras do metrô, pois a população está cansada de ser enganada, e critica a proposta do novo centro administrativo da prefeitura. Confira a terceira entrevista da série feita pelo Hoje em Dia com os postulantes à prefeitura da capital. 

O senhor tem uma condenação na justiça estadual por improbidade administrativa, no valor de R$ 145 mil, relativa ao período em que foi vereador na cidade. Como explica esse problema?
Foi um processo contra vários vereadores por conta de uso de verba indenizatória. A gente está recorrendo dessa decisão da justiça. Se realmente tiver alguma irregularidade tem que apurar e punir, mas no nosso caso vejo problema zero com</CW> relação à verba indenizatória. Já tivemos, num primeiro momento, um valor grande sendo questionado, coisa que não tinha a menor lógica. Ele diminuiu no recurso à segunda instância. 

Não houve gasto excessivo de recursos públicos por parte do senhor?
Zero. Zero. Zero.

O senhor é presidente nacional do PT do B. Isso não o privilegia na obtenção de recursos do fundo partidário? O senhor não tem sido beneficiado na elaboração do material de campanha que vemos espalhado pela cidade?
Não é privilégio. Isso é tática. A regra do jogo é essa. Minha campanha sempre é conhecida por ter um visual intenso. Não é um visual caro. O custo dessas faixas na rua é muito baixo. Os grandes partidos estão acostumados a fazer campanha com muito dinheiro. A gente sempre fez com pouco. Essas bandeiras não representam um custo alto para campanha. A estratégia de utilizar o recurso do fundo partidário nos ajudou, porque (a campanha em BH) é muito importante para o partido. E é um diferencial nosso. Tem alguns grupos disputando a cidade que não querem chegar à prefeitura. O grupo do atual prefeito quer chegar a senador ou governador. Outros querem se tornar deputados federais. O nosso objetivo é conseguir a Prefeitura.

Como o senhor pretende conseguir uma maioria na Câmara, sendo de um partido menor?
Os grandes são os responsáveis por esse desânimo da população com a política. Mas o nosso grupo político é o maior da cidade. Somos oito partidos e representamos 310 candidatos a vereador. Não tenho dúvida que será o maior grupo de vereadores eleito. Nas eleições passadas, partidos como o PSB, o PSDB e o PT tiveram resultados muito piores que os nossos. O PT do B foi o segundo partido em votos nominais nas eleições passadas, na cidade. Hoje nós estamos falando de um arco de alianças. E não é um acordo político feito em bastidores.

Mas ser de um partido pequeno não dificulta o diálogo com os governos federal e estadual?
Muito pelo contrário. Por deixar de estar nessa política polarizada que acontece hoje, acho que facilita muito esse diálogo. Temos um diálogo bom com o governador e com o governo federal justamente por não representar risco a hegemonia deles. A gente consegue transitar muito bem.

Um dos seus adversários diz que não é momento de fazer obras. Você concorda?
De jeito nenhum. É preciso sempre. A gente vê a cidade entregando muitas obras. Belo Horizonte precisa de obras. Mas o objetivo principal não pode ser esse, mas melhorar a qualidade de vida das pessoas. As pessoas deixam de frequentar os espaços públicos, praças e ruas, por falta de um espaço urbano bem cuidado. A essência de Belo Horizonte é de uma cidade cosmopolita e, ao mesmo tempo, interiorana. <CW15>Os espaços públicos de convivência não dão mais a possibilidade de uma relação próxima entre as pessoas, de frequentar praças, que estão mal cuidadas. Reformar uma praça é uma obra que toca na qualidade de vida das pessoas. A maior obra que a gente tem que fazer é melhorar a qualidade de vida das pessoas.

O novo prédio administrativo proposto pela atual administração entraria aí?
Eu acho importante, mas não é prioridade. Ter todo o serviço público num lugar é interessante, porque facilita a vida do cidadão. Mas não é prioridade. Tem todos os problemas de saúde, mobilidade, que são prioridades muito maiores que essa construção.

Quais seriam as três prioridades do senhor, caso eleito?
Primeiro, o passe livre para estudantes. Segundo, a criação da secretaria de vilas e favelas, onde a gente concentraria todas as ações para essa parcela da população que representa entre 20% e 25% da cidade e vive em 5% do território onde há os problemas mais críticos. E, terceiro, a questão do emprego para o jovem, com empreendedorismo. Hoje temos o ‘San Pedro Valley’, que vem acontecendo naturalmente, mas é preciso uma ação da prefeitura para que se possa dar um suporte e fomentar isso. Precisamos evitar que os jovens talentosos saiam por falta de oportunidade.
 Wesley Rodrigues/Hoje em Dia “A gente está recorrendo dessa decisão da justiça. Se realmente tiver alguma irregularidade tem que apurar e punir, mas no nosso caso vejo problema zero com relação à verba indenizatória”, explica


Como assegurar o passe livre nesse cenário de queda da arrecadação?
O prefeito fez um acordo com as empresas de ônibus, quando teve o problema do aumento de passagens e liberou o CGO (Custo de Gerenciamento de Operação) que elas pagam. Dá aproximadamente R$ 24 milhões, que é o que custeia BHTrans. E mesmo assim, logo depois, houve aumento das passagens. Só com o CGO a gente consegue dar o passe livre para os estudantes de baixa renda.

A questão da segurança tem sido muito levantada pelos seus adversários. É mesmo a prioridade para a prefeitura?
A prefeitura tem que preocupar com tudo que aflige o cidadão. E esse é um problema crônico. Temos que colocar câmeras nos lugares críticos e iluminar bem a cidade. Isso já vai coibir e muito a criminalidade. E fazer uma comunicação efetiva dessas câmeras com o centro de operação. Hoje, das 1.422 câmeras, somente cerca de mil dialogam com o centro de operações. 

Houve um investimento em unidades de educação infantil na cidade, nos últimos anos, mas há ainda falta de vagas para muitas famílias. Como lidar com o problema?
A população é satisfeita com as UMEIs e elas atendem as crianças de 4 a 6 anos. O gargalo são as de 0 a 3. Nosso foco é aumentar os convênios com creches, para dar conta de 0 a 3, mas também crescer as vagas nas UMEIs para essa faixa etária. Principalmente nas vilas e favelas. Isso fomenta mais a participação das mulheres no mercado de trabalho, faz circular a economia, traz mais renda para a família.

Além do passe livre, que propostas de médio prazo o senhor tem para o transporte público?
O Move até que adiantou bem. O grande problema é quando a pessoa sai do seu ponto até a estação. A redistribuição precisa ser mais organizada para não se perder o tempo que se perde hoje. E é preciso aumentar o número de suplementares, além de criar alternativas como as ciclovias, que hoje não são tão utilizadas, mas que se você colocar para as pessoas chegarem às estações e, depois, para voltar para casa, é uma coisa que funcionará. A gente não tem como falar em grandes cidades sem falar de transporte de massa, como o metrô. 

O senhor garante o metrô?
Não estamos fazendo promessa de metrô porque a população não aguenta mais ouvir promessa. O que a gente vai fazer é melhorar o que a gente tem. Temos que voltar a uma curva que diminua essa tendência de usar transporte individual. O Move da Amazonas já tem recursos e é uma medida que tem que ser implantada. Onde ele tá sendo utilizado tem uma boa qualidade.

Mesmo a linha do Barreiro do metrô é difícil de ser viabilizada?
Depende de uma articulação do governo federal, do governo do Estado. Claro que vai ser um dos nossos objetivos principais.[QUINTA]Mas não adianta a gente falar de metrô. O sentimento da cidade é quase de ofensa quando a gente promete metrô. A gente viu, na campanha passada, o absurdo de se furar buraco na cidade inteira, enganando a população, falando que a coisa ia acontecer. Metrô não tem que prometer, tem que fazer. 

Como vê a questão da moradia?
São cerca de 140 situações de moradia que temos que regularizar. Hoje temos, aproximadamente, a necessidade de 60 mil moradias. E isso vem crescendo muito. Em 15 anos, a perspectiva é que se precise de 80 mil moradias. Só em Capitão Eduardo e Granja Werneck estamos falando de aproximadamente 21 mil moradias. E além disso, regularizar a situação que existe na cidade. No Vila Viva, temos 1.400 unidades para fazer. É só articular o recurso, acionar o Banco do Brasil ou Caixa. A prefeitura vai atuar nessa frente para que a questão seja enfrentada.

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