A diretoria do Cruzeiro, nas vozes do diretor de futebol, Thiago Scuro, e do vice-presidente de futebol, Bruno Vicintin, convocou uma entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (29) para rebater algumas acusações feitas, na semana passada, pela Associação Nacional dos Árbitros de Futebol (Anaf), contra o clube.
Tudo aconteceu após a cúpula celeste pedir arbitragem de fora do estado para o clássico contra o Atlético, realizado no último domingo (27), e vencido pela Raposa, por 1 a 0. Em defesa dos árbitros mineiros, a entidade emitiu uma nota de repúdio contra os celestes.
Após reunirem-se na hora do almoço, os dirigentes do atual líder do Campeonato Mineiro foram aos microfones e desabafaram. Vicintin, o primeiro a falar, pediu respeito ao clube e deixou claro que não se opôs ao nome de Emerson de Almeida Ferreira.
“O Cruzeiro foi surpreendido na semana passada com um nota lamentável da Anaf, com críticas que desrespeitam a instituição. Não pedi, mas exigi respeito ao Cruzeiro Esporte Clube. Nenhum momento o Cruzeiro foi contra a atrbitragem, apenas sugeriu que fosse um Árbitro Fifa, para evitar toda a pressão que aconteceu depois do clássico. O Cruzeiro sempre fez isso nos últimos três anos e momento alguma a Anaf emitiu nota sobre isso", disparou o vice-presidente.
Sobre os erros em clássicos, o dirigente cita a semifinal do Mineiro, entre celeste e alvinegros, em 2015. Segundo ele, em Minas Gerais são adotados dois pesos e duas medidas no confronto.
"No ano passado, o Cruzeiro foi extremamente prejudicado na semifinal mineira e não fizemos nada. E na final teve um erro capital de um árbitro (Guilherme Dias Camilo) que deu o título ao nosso rival e não aconteceu nada também. Estamos preocupados com o Giuliano Bozzano. Quando um erro ajuda nosso rival nada acontece, e quando acontece erros para os dois lados. O Cruzeiro acha que não foi prejudicado e nem ajudado. Ganhamos o clássico na bola", comentou Vicintin.
"Estou muito preocupado com a mensagem que vem sendo passada pela arbitragem mineira. Qualquer mini-polêmica você é punido. Parece que o Giuliano (Bozzano) quer um quadro na sede do nosso rival como funcionário do mês. Se ele é chefe da arbitragem não e vê o certo ali na beirada do campo, como pode cobrar do árbitro? O Cruzeiro está preocupado com o andamento disso para as semifinais e final do campeonato”, completou.
“Se criou um clima de guerra entre Cruzeiro e Atlético em que se fica brigando uma semana como se ganhasse jogo e não ganha e fica uma semana depois falando de arbitragem. O Cruzeiro pode ser derrotado no campo e na bola ou por erros de arbitragem mas nunca será intimado, no grito ninguém nunca ganhará do Cruzeiro” (Bruno Vicintin)
Vitória por mérito
Reforçando as declarações do vice-presidente, o diretor de futebol, Thiago Scuro, destacou que o clássico foi vencido pelos atletas cruzeirenses e não pela arbitragem de Emerson de Almeida Ferreira.
“Gostaríamos de reforçar algo que é o principal de tudo: o Cruzeiro venceu por muito mérito da comissão técnica, do elenco de jogadores, pela atitude e pelo o que trabalharam na semana toda. Esse é o grande incômodo para nós que estamos direcionando demais a discussão e esquecendo do trabalho dos nossos profissionais. Pelo horário e condições climáticas, fizemos um bom jogo, vencemos jogando um bom futebol”, comentou Scuro.
Sobre a preferência por árbitros de fora do estado em dias de clássicos, o dirigente argumenta, sem desmerecer o trabalho do árbitro do último domingo. Para ele, é questão de "escudo no peito".
“Não é por não acreditar na arbitragem (mineira) que pedimos Árbitro Fifa, mas sim para preservar os daqui. O Emerson é um bom árbitro, de muito potencial, mas não tem escudo Fifa e quem criou isso foi a Federação Internacional. Se o chefe da arbitragem tivesse confiança no árbitro daqui, porque não colocou dois de Minas no sorteio? Ou acredito na arbitragem mineira 100% ou não acredito. A Anaf não recruta árbitro e nem contrata. Quando ela, presidida por um paranaense, se posiciona falando de problemas internos do Cruzeiro, como ela pode falar isso? Independentemente do que acontecesse no jogo, estaríamos nos posicionando hoje.
O que vai acontecer agora? Todos vão pedir arbitragem de fora? O Juliano vai defender arbitragem mineira? Olha a situação que aconteceu para os arbitros mineiros. O Cruzeiro quer que os arbitros daqui tenham mais condições de trabalhar, não acha racional afastamento de arbitros, como ajuda eles sendo afastados? Têm que trabalhar para melhorar. Como formar árbitros assim? Essas questões que tem ter se debatidos, muito mais se foi penalti ou não” (Thiago Scuro)
Confira a íntegra da nota emitida pela Anaf:
"A ANAF vem a público manifestar seu repúdio em relação as declarações de dirigentes da equipe do Cruzeiro (MG), ao levantarem suspeições em relação aos árbitros do estado de Minas Gerais.
O futebol moderno já não aceita este tipo de ilações infundadas, sem nenhum motivo justo e razoável.
Notório aos olhos de qualquer torcedor com o mínimo de conhecimento, que estas deduções e críticas injustas aos árbitros mineiros são uma artimanha de uma época passada, método arcaico de ludibriar seus próprios torcedores com o objetivo de jogar uma "cortina de fumaça" sobre verdadeiros problemas e temores internos enfrentados pela equipe do Cruzeiro (MG).
A estratégia vil de pressionar as equipes de arbitragens antes dos jogos é, como já colocado, método ultrapassado, e tem como objetivo exclusivo justificar previamente aos torcedores um possível fracasso técnico perante os adversários.
A ANAF confia e acredita na arbitragem mineira, sabe que são homens falíveis e podem se equivocar como qualquer atleta que erra uma finalização. Entretanto, a qualidade, a seriedade e a correção são características fundamentais e presentes no quadro de árbitros do estado de Minas Gerais.
Estaremos torcendo, como sempre, para que o estado mantenha seu histórico de formação de grandes árbitros, que atuaram e atuam por todo o planeta, elevando ao mais alto nível o nome do estado de MG e do Brasil.
Assim, a entidade reitera o compromisso de estar sempre pronta para defender os árbitros onde e quando necessário."