A dimensão social das cafeteiras

José Neves Fernandes*
(*) Engenheiro e membro da Frente da Gastronomia Mineira
14/08/2016 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:20
 (Divulgação)

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A história nos mostra que as cafeterias sempre foram espaços de múltiplas funcionalidades. Casas de café austríacas, francesas, italianas, árabes e alemãs são referências de um estilo de vida que se perpetuou através dos tempos.

Carregam uma dimensão cultural de tal relevância, que permitem sua inclusão no rol de atrativos turísticos locais. Para ficar só no exemplo francês, o apelo de conhecer o lugar onde Simone de Beauvoir e Sartre mantinham encontros fortuitos (Café de Flore), ou que Guy de Maupassant e Emile Zola rascunhavam seus escritos (Café de La Paix), faz das duas cafeterias paradas obrigatórias para turistas do mundo todo.

Ao longo dos anos, a noção de acolhimento e inserção social que as cafeterias proporcionam aos seus clientes parece sobressair-se ao próprio hábito de consumo da bebida.

De fato, ir a uma cafeteria sempre foi muito mais que tomar um cafezinho. Os cafés são lugares em que se pode trabalhar, ler um livro, bater papo, matar a fome, ouvir música e – até – tomar um bom café.

Pesquisadores contemporâneos incluem os cafés nos ambientes denominados “terceiro espaço”, diferenciando-os dos dois espaços de convivência compulsória.

O “primeiro espaço” seria a casa e o “segundo espaço”, o trabalho – locais onde as pessoas passam a maior parte de seu tempo. O “terceiro espaço” engloba locais de vida comunitária, escolhidos espontaneamente. São amigáveis, informais, confortáveis e de baixo custo, além de estabelecerem um senso de pertencimento comunitário.

A ida a um “terceiro espaço” é grande motivação para o consumo e o Brasil está despertando para este nicho. Minas Gerais, em especial – por ser o maior produtor brasileiro de café e ter grãos de qualidade reconhecida mundialmente – tem tudo para tornar suas cafeterias importantes polos de divulgação do produto.

Aqui somos capazes de oferecer a experiência de convivência social proporcionada pelas cafeterias, sem descuidar do prazer de apreciar uma boa bebida. Isto sem falar nas nossas quitandas – uma das expressões mais genuínas da gastronomia local – acompanhamentos ideais para a excelência do café mineiro coado na hora. 

Atenta às oportunidades que o mercado oferece, a Frente da Gastronomia Mineira realiza uma ação para valorizar nossas cafeterias e fortalecer vínculos interpessoais, aliando duas riquezas do povo mineiro: o pão de queijo e a gentileza.

No dia 17 de agosto – Dia do Pão de Queijo – 29 lanchonetes e cafeterias de Belo Horizonte participarão do #pãodequeijoamigo. Neste dia, ao saborear seu delicioso cafezinho, você pode contribuir para fazer o dia de um desconhecido mais feliz.

Basta deixar um pão de queijo pago, acompanhado de uma mensagem inspiradora, para o próximo cliente. Um pequeno ato individual que gera uma corrente de gentileza urbana.

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